É
pois necessário pregar a Cristo de tal forma que da pregação brote em ti e em mim
a fé e se mantenha conosco. Uma fé que só nasce e permanece, quando se nos
prega a razão porque Cristo veio ao mundo, de que maneira poderemos nos valer
dele e de seus benefícios, o que é que ele nos trouxe e deu. Pregar-se-á, deste
modo, quando se interpreta devidamente a liberdade cristã, que
recebemos
de Cristo; quando se nos diz de que modo somos
reis, e sacerdotes, e donos, e senhores de todas as coisas; que Deus se compraz
em tudo quanto fazemos e nos atende, como venho afirmando. O coração que ouve
isto de Cristo, regozijar-se-á profundamente, sentir-se-á consolado,
tornar-se-á brando para com Cristo e lhe responderá com amor, todas estas
coisas, enfim, às quais o coração jamais poderia chegar mediante o cumprimento
das leis e obras. Então, que poderá danificar ou atemorizar um coração que
assim sente? Se o pecado e a morte se aproximam, sua fé lhe diz que a justiça
de Cristo é
sua e que seus pecados tão pouco são seus, mas de Cristo.
Assim o pecado se desvanece diante da justiça de
Cristo pela fé, como antes foi dito, e o homem
aprende
a desafiar a morte e o pecado, aprende a
dizer com o Apóstolo ( I Coríntios 15, 55-56-57) : "Onde está, ó morte, a
tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o
pecado, e a força do pecado é a lei. Graças a Deus que nos dá a vitória por
intermédio de Nosso Senhor Jesus Cristo.”
Da
Liberdade Cristã.
Martinho
Lutero (1483-1546).
Editora
Rotermund. Distribuição exclusiva da Editora Sinodal. São Leopoldo-RS, 1959, p.
31-32
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