O credo do incrédulo



 Creio que não há Deus, porém que a matéria é Deus, 
e que Deus é a matéria, e para mim é indiferente que haja Deus ou que não haja.

Creio que o mundo não foi criado, mas que fez-se a si mesmo; 
que não teve princípio, nem há de ter fim; porém há de durar para sempre, pelos séculos dos séculos. Creio que o homem é um bruto, que a alma é o corpo e o corpo é a alma, que depois da morte não haverá nem corpo, nem alma. Não creio em nenhuma religião. Acredito que a religião natural é a única religião, e que toda a religião é desnatural.

Não creio em Moisés, mas creio na Filosofia Materialista, creio em Syndal, em Hayley, em Darwin. Creio em Voltaire, mas não creio em S. Paulo.

Não creio em nenhuma revelação divina, porém creio nas tradições; creio  no Talmud, creio no Alcorão; não creio na Bíblia. Creio em Sócrates, creio em Confúcio, creio em Sanconiathon, creio em Maomé, mas não creio em Jesus Cristo.

Enfim, creio em toda a descrença.

IMPRENSA EVANGÉLICA, Nº 17, 1885, p. 136, VOL. XXI

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