Sambo e sua Bíblia (Sambo and his Bible)



 Sambo e sua Bíblia
(Sambo and his Bible)

RELIGIOUS TRACT SOCIETY

    Aqueles que verdadeiramente amam a Deus amarão a Bíblia. Eles a amam porque ela é a Sua Palavra; e porque ela é o livro mais sábio, mais santo, e mais útil do mundo. Em todas as terras onde este bendito livro é conhecido, ele é valorizado. Uma centena de poucas histórias pode ser contada para demonstrar isto; mas contaremos somente uma, e que será sobre um pobre negro. 

O nome do negro era Sambo. Ele era um escravo na terra da Jamaica. Ainda que ele tivesse que trabalhar duro de manhã e à tarde, e não tinha os confortos que desfrutamos, ele era um homem feliz. Uma coisa que o fazia assim era que ele tinha um mestre terreno bondoso; mas que o que o fazia mais feliz era que ele tinha um Mestre e Amigo amável no céu. A mãe de Sambo era uma Cristã negra. Entre as poucas coisas que ela poderia chamar de sua neste mundo era uma parte do Novo Testamento; mas, contudo, somente uma parte, isto foi mais valoroso para ela do que prata e ouro. 

Sambo tinha aprendido a ler, e quando sua mãe envelheceu, e estava à beira da morte, ela o chamou para o lado dela, e disse a ele para não negligenciar o “livro bendito”— com isto ela quis dizer aquela porção dele que ela tinha. Sambo não esqueceu as palavras dela. 

Quando o trabalho era feito pela manhã, ele frequentemente assentava-se à porta de sua cabana, e quando o sol estava se pondo, e os vaga-lumes dançavam entre as mangueiras, ele virou as páginas bem gastas do Novo Testamento de sua mãe. Ele lia muito vagarosamente, pois ele frequentemente tinha que soletrar as palavras longas; e de vez em quando, quando ele chegava a um texto que não estava completamente claro para ele, ele passava os seus dedos pelo cabelo lanoso, e tentava pensar o que aquilo queria dizer, ou ele orava a Deus para ajudar a sua mente fraca ao entregá-la ao Espírito Santo para ser o seu professor. 

Muitos capítulos ele aprendeu de cor; ou, como um garotinho negro uma vez disse, “ele colocou o livro em sua cabeça.” E não foi por si só que ele aprendeu tanto da Palavra de Deus, mas foi também para que ele pudesse falar sobre isto aos outros negros enquanto eles trabalhavam na usina de açúcar, ou no campo.  

Mas as Bíblias se desgastam; e os dedos ásperos de um negro que trabalhava duro, de quem o livro era uma companhia constante, foi desgastada muito rapidamente pelo pobre Sambo. A capa saiu, e depois de muitas costuras elas não podiam ficar juntas mais. Folha após folha se soltou; em resumo, tornou-se menos e menos, até que esteve perto de todas elas saírem. 

O tempo passou, e Sambo também se tornou velho e desgastado, quando seu mestre deu a ele sua liberdade e uma pequena casa para viver. 

O homem idoso amava mais do que antes falar às pessoas negras com quem ele encontrava. Ele podia falar de cor muito bem o que ele uma vez tinha lido no Novo Testamento despedaçado; porém, ele não podia trazer o livro para demonstrar que aquelas palavras estavam realmente lá. Isto fez com que os negros ficassem receosos com o que ele dizia. 

“Ah! Isto pode ser tudo muito verdadeiro,” alegavam eles; “mas nos mostre no livro — mostre-nos no livro.” 

Agora, Sambo por algum tempo não pode fazer isto; mas ele ouviu que um grande estoque de Bíblias tinha chegado em Kingston, a cidade capital da Jamaica, e que elas eram vendidas para qualquer um que pudesse comprá-las. 

Era cinquenta milhas da cabana de Sambo a Kingston — um longo caminho para um homem velho viajar. Também era quente para caminhar no meio do dia; no início da manhã ou tarde da noite eram as melhores horas para ele andar a pé ao longo do caminho. Mas adiante ele foi, onde os livros seriam encontrados. Lá ele viu todas elas em uma fileira— novas Bíblias — todas completas. 

“Oh, mestre,” ele falou, “Que grande! Que belo! Que bom!”

 “Sim, meu amigo,” disse o missionário, “é muito verdadeiro — elas são, pois, belas e boas.” 

“Quero comprar uma,” respondeu Sambo, e apontando para uma cópia com letra grande que iria se adequar a sua visão, perguntou qual era o preço. 

“Um dólar e meio,” foi a resposta. 

A face do negro parecia triste.  

“Qual é o problema?” disse o missionário. 

“Oh, querido mestre,” falou Sambo, “este é todo o meu dinheiro,” ao mesmo tempo puxando um dólar para fora do bolso de seu casaco. 

O missionário disse a ele que as Bíblias eram grandes e bem encadernadas, e que valiam muito mais do que o preço pedido por elas; mas o negro pode só dizer: “Mestre, estou muito triste, pois não tenho mais dinheiro do que isto.” 

Certamente, pensou o missionário, um homem que pode caminhar cinquenta milhas até aqui e cinquenta milhas de volta para obter a Palavra de Deus, é um homem em quem eu posso confiar. 

“Bem,” disse ele, “você vem de uma longa jornada, e eu não gostaria de te enviar para casa sem o livro: você me promete, que se eu deixar você tê-la, você me pagará o meio dólar tão logo você o obtenha?”

“Oh, sim, mestre,” falou Sambo, “eu farei, este é o meu desejo.” 

O santo volume logo estava em sua mão, e ele partiu a caminho de casa com o coração muito alegre. 

Enquanto ele vinha avistando a sua humilde casa, era a hora da noite em que os negros deixavam as suas casas para o trabalho deles. Eles logo o avistaram e chamaram alto: “Sambo! Tudo bem, Sambo!”

 “Alegria! Alegria!” gritou Sambo, enquanto ele segurava o livro acima de sua cabeça. 

Eles logo vieram ao redor dele, e gritou: “Agora, Sambo, leia ele, leia ele.” 

O velho negro, cansado como estava, assentou-se e leu um capítulo, enquanto eles ficaram para ouvir. 

Qual era este capítulo, não sabemos. Podemos supor que fosse o terceiro capítulo do Evangelho de S. João: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito, para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.” 

“Bom! Bom!” gritaram os negros.  “Porque Deus enviou o Seu Filho ao mundo não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele.” 

“Muito bom! Muito bom!” novamente falou os ouvintes. 

Quando Sambo terminou o capítulo, eles disseram: “Prossiga, prossiga.” 

“Não,” respondeu Sambo, “eu não prosseguirei; o livro não está pago por inteiro; mas quanto você pode conseguir ler, Jack? Quanto você pode conseguir ler, Tom? E quanto você pode conseguir ler, Mary?”

Quando eles achavam que não conseguiam mais ler, começaram a recolher primeiro alguns cobres, então, uma pequena moeda de prata, até que metade de um dólar foi completado, e houve o suficiente para  a Bíblia do Sambo sair do débito. 

Depois de um dia de descanso, Sambo saiu para ir novamente a Kingston e pagar o dinheiro; e daquela hora ele teve a alegria de possuir uma cópia completa do Livro Santo de Deus para ser seu conforto nos últimos dias da vida,  e daquelas páginas ele podia ler  palavras de verdade e amor aos seus amigos negros. 

Vocês têm visto como o pobre Sambo caminhou nas duas jornadas duas centenas de milhas, para que ele pudesse tornar uma cópia da Bíblia, sua própria. O que você pode dizer, que talvez tenha tido a Bíblia trazida para o seu lar e colocada em suas mãos no início da juventude? Oh, ore pela ajuda do Espírito Santo, para que por isso você possa “fazer-te sábio para a salvação, pela fé que há em Cristo Jesus.” Pela Sua luz você possa ser guiado a fugir de todo pecado, e encontrar misericórdia no Salvador; e então adiante possa essa luz te guiar para o descanso no céu! 

From New Short Stories. 
Religious Tract Society,  Number 31.

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