A Bíblia rasgada




       Um pai de família estabelecido perto de Columbia, foi obrigado a separar-se de seu filho, que ia estudar em um colégio da Carolina do Sul.

      Sendo cristão, e desejando ardentemente a felicidade eterna de seu filho, temia que em breve se extinguisse os princípios implantados em seu coração. E, para evitar este mal, pôs dentro da sua mala uma Bíblia, a poderosa Palavra de Deus, que é viva e eficaz, e mais penetrante que a espada de dois gumes.”

     O filho partiu e entrou no colégio.

     Logo, como temera seu pai, ele abandonou a Deus, caindo na incredulidade. Nesta triste condição julgava-se mais sábio que seu pai.

     Um dia, abrindo a sua canastra, ficou indignado por encontrar o precioso volume, que seu respeitável pai tinha aí posto.

   Depois de pensar, determinou rasgá-la e com as suas folhas alimpar a navalha todas as vezes que fizesse a barba. 

    Mas, ao passo que ele assim injuriava a Deus, seus olhos demoravam-se sobre algumas passagens que lhe causavam alguma impressão. 

     Algum tempo depois, ouviu um sermão em que o orador pintava o triste estado de seu coração e o seu perigo iminente; e as palavras que ouvia tornavam-se mais fortes, porque lhe relembravam a Bíblia rasgada e as passagens que tinham prendido a sua atenção.

     O que afligia mais era o ultraje que tinha feito à verdade de Deus. Se tivesse a sua disposição muitos mundos, de boa vontade os daria, para desfazer as ímpias ações que tantas vezes praticara.

    Enfim, achou a paz, ao pé da cruz. As folhas rasgadas das Escrituras ensinaram-lhe que Deus é misericórdia e perdoador.

    A Palavra de Deus sempre surtirá o efeito desejado.
        
Imprensa Evangelica. Vol. XXII, Nº 24, 12 de Junho de 1886, p. 187.

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