Não há
nada neste mundo que fora da graça de Deus, possa dar alívio à alma; e quem
confia mais na religião de Deus do que no Deus da religião, conhecerá que perde
o seu tempo por isso que nenhum ato religioso pode substituir a operação do
Criador Onipotente dentro de nós. Ou por outra, o mal é interior. A fonte da
alegria humana está seca. Deitar-lhe água de fora, não dá remédio, porque não
estabelece o manancial. É indispensável que no íntimo da alma opere a graça de
Deus, a única força que pode restaurar as criaturas arruinadas.
E por que será que a alegria está interrompida e a fonte
seca? É porque a alma está longe de Deus. A separação, quer seja produzida pelo
pecado, quer seja pela indiferença ou esquecimento, ou mesmo pela confiança
depositada erradamente em outros objetos, produz infalivelmente este efeito,
que a alma não tem, nem pode ter verdadeira satisfação.
Convença-se o leitor disso, que o remédio
está só nas mãos de Deus, e quem vive afastado Dele não pode ter descanso
verdadeiro. Diz a Palavra de Deus, de todos aqueles que vivem sem Ele, que “os
ímpios são como um mar agitado que não pode acalmar, e com o próprio rolo vem
as suas ondas a quebrar na praia e fazer lodo. Não há paz para os ímpios, diz o
Senhor” (Isaías 57:20-21)
Compreender-se-á agora, em presença desta
situação tão deplorável, a profunda significação das palavras de convite
pronunciadas pelo bendito Salvador: “VINDE A MIM,” todos os que andais em
trabalho, e vos achais carregados, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu
jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e achareis descanso
para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave, e o Meu peso é leve.” (Mateus
11:28-30). Nestas palavras indica-nos Jesus o defeito e a necessidade de todo o
gênero humano. Mostra-nos igualmente que o nosso estado era tão desesperado,
que nada menos do que a vinda do Unigênito Filho de Deus, a este mundo, sendo
Ele Deus, e Todo-Poderoso podia fornecer um alívio para a alma; e demais, que
este alívio não se pode obter senão
recorrendo pessoalmente ao próprio Salvador. O pecador, triste por estar
afastado de Deus, deve voltar a Deus para alcançar descanso e paz.
Esta verdade é explícita, e fácil de
compreender, e não admite exceções. Todos estão em estado de condenação e
terror, enquanto não acham reconciliação pela obra e pelos merecimentos de
Jesus Cristo.
ECHO DA VERDADE.
VOLUME I. NÚMERO
9, BAHIA, JANEIRO DE 1887.
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