Uma moeda falsa





Discutiam entre si dois empregados de um banco a genuidade de uma prata de mil reis, que um deles tinha na mão. Submeteram-na  a um exame rigoroso, pesando-a, mas sem lhe poderem descobrir anormalidade alguma.

     Se era falsa, não deixava de ser em todos os sentidos uma imitação maravilhosa da moeda verdadeira.

      Na verdade, assim sucedera, porque sem dúvida já havia figurado em bastantes transações. Compararam-na com outra moeda de mil reis, e o confronto não acusava diferença alguma.
  
    Para finalizar, um deles propôs fogo como prova satisfatória e definitiva. Esquentaram um ferro a cor rubra, e sobre ela colocaram a moeda em questão. Ei-la que foge feito azougue! Está descoberta a trapaça! Não resistiu à ação do fogo!

     A outra, a verdadeira, também foi submetida ao ferro candente. Essa, porém, não se derreteu. O fogo verificou e demonstrou sua genuidade. Passou incólume pela terrível prova.

    Há tanta coisa falta neste mundo, passando por verdadeiro, mas o fogo implacável do julgamento divino consumirá e liquidará inexoravelmente, sem compaixão, todas essas misérias.

O MENSAGEIRO.
Ano 3-2ª época, Nº 14, S. Francisco do Sul-SC, Outubro de 1916, p. 3.

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