Porque o Senhor dá a sabedoria, e da Sua boca vem o conhecimento e o entendimento.
Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos;
escudo é para os que caminham na
sinceridade,
para que guarde as veredas do
juízo
e conserve o caminho dos Seus santos.
Provérbios 2:6-8
A Estrela do Natal
(Yraê Matos)
Para os magos do Oriente havia a estrela no céu. Vieram de
longe, trariam areia do deserto nas sandálias e dádivas na mão. O caminho era
longo e desconhecido, mas havia no céu a estrela, diferente das outras, maior,
de brilho mais intenso...
Para os pastores, o
anjo e depois aquele coro maravilhoso, como nunca mais se ouviu igual: “Glória
a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens.”
Estrela, para os magos...
anjos, para os pastores... E para os outros, Senhor? Para os homens que em vão
procuram um sinal no céu? Manda para eles, também, Senhor um sinal! Uma estrela
cintilante, ou a figura etérea de um anjo. Manda, Senhor, alguma cousa que
ajude os pecadores a te encontrarem. Tem pena dos que te buscam sem te achar,
que são vencidos pelas trevas, pela densa escuridão!
E no silêncio daquela
noite linda, daquele Natal tão cheio de doçura, de promessas de amor e de paz,
veio uma voz – da própria noite ou de dentro da minha alma.
– Não há mais estrelas para anunciar a boa-nova... Não há coro
celestial, cantando o nascimento Daquele em quem se firma a felicidade humana.
Mas há um sinal, sim... “Vós sois a luz do mundo” Vós sois o farol, a estrela...
Vede que privilégio o nosso! Há quase dois milênios, anjos e estrelas. Hoje, vós!
Sim, tendes essa missão e não fugireis dela, como não fugiram os anjos. É
preciso que anuncieis cada dia da vossa vida: “Jesus nasceu! Nasceu na
pequenina Belém da Judeia o Salvador, o Mestre querido que pregou o bem, o
amor, o perdão. Nasceu o filho de Davi, o Deus encarnado. É Ele quem anima a
minha vida. É Ele quem dirige as minhas ações... Vinde comigo, vós que ainda
não O conheceis. Vinde e eu vos levarei a Ele. Aos Seus pés deixareis vossas
cargas e a vida vos será mais fácil. Vinde! Não espereis anjos ou estrelas.
Essa missão hoje é nossa... vinde! Vinde!”
Sim, Senhor! Hoje não
há mais outros sinais além de nós... Mas, Senhor, perdoa-nos! A estrela soube
cumprir a sua missão... O anjo deu a boa nova aos pastores. E nós, Senhor?
Temos sido a lâmpada escondida sob o alqueire... Não temos iluminado nada, não
temos rompido as trevas... Somos o sal que os tornou insípido... Agora, só nos
resta sermos pisados pelos homens... E te pedimos um sinal... Oh! Senhor,
perdoa-nos!
E com as vozes daquela
noite santa, com a doçura sempre nova da Noite de Natal, com a magia que une
todos os corações na comemoração do mais sublime fato da história, minha alma
compreendeu toda a importância da missão que nos foi entregue, quando o Grande
Mestre falou à multidão, no Monte:
– “Vós sois a luz do mundo...”
– “Vós sois o sal da terra...”
JORNAL
O PURITANO.
Ano
LIII, Nº 2002. Rio de Janeiro, 25 de Dezembro de 1951.
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