25 REFLEXÕES DE NATAL: PARTE XIV



Bendize, ó minha alma, ao Senhor!
Senhor, Deus meu, Tu és magnificentíssimo;
estás vestido de glória e de majestade.
Ele cobre-Se de luz como de uma veste,
estende os céus como uma cortina.
Põe nas águas os vigamentos das Suas câmaras, 
faz das nuvens o Seu carro
e anda sobre as asas do vento.
Faz dos ventos Seus mensageiros,
dos Seus ministros, um fogo abrasador.
Salmo 104:1-4

Natal, o maior acontecimento da era cristã

Nasceu Jesus! Eis a doce, santa, magnífica mensagem, trazida, vinte séculos há, pelos anjos, aos pastores das verdejantes campinas de Belém.

    Jazia o mundo, então, envolto nas densas trevas da dor, da miséria, do pecado, quase que sem fé e sem esperança, quando, súbito – no firmamento da Divina Misericórdia e nos complementos dos tempos da Sabedoria de Deus – desponta a prometida e desejada Resplandecente Estrela da Manhã – Jesus Cristo.

     Ei-Lo que vem – no esplendor de Sua beleza moral, no fascínio Seu ensino singular, no exercício Seu benfazejo ministério – anunciar o magno, o sublime, o incomparável e infinito amor de Deus aos homens, embora maus, rebeldes, ingratos.

   Ei-Lo que surgiu, assim, marcando – na misteriosa ampulheta do tempo – o despontar de uma nova aurora que seria de gozo, de venturosa alegria – a radiante aurora da Salvação, porque Deus amou o mundo de tal maneira que lhe deu o Seu Filho Unigênito para que todo o que Nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna.

     Cega, perdida, desnorteada, marchava a pobre humanidade pela região da sombra da morte, quando – no céu até então negro do seu futuro – cintilou a gloriosa Estrela da Redenção, porque, foi a mensagem angelical, hoje, na cidade de Davi, vos nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor.

Assim, sendo neste sombrio Vale de Lágrimas, desabrochou, na Noite de Natal, no inspirado dizer do mavioso bardo de Israel, aquele que é – “o Lírio dos Vales”.

     A flagrância do Seu amor, meigo, suave, divino, tanto quanto a Sua imensa e terna simpatia, vêm alegrar, perfumar, amenizar a senda até então lúgubre do desalentado, do perdido, do mísero pecador.

     Realmente, nasceu Jesus, cujo divino amor balsamiza os corações feridos, conforta as almas amarguradas, salva os espíritos torturados pela dor e alanceados pelos sofrimentos, fazendo-os felizes, tornando-os plenos de ventura, repletos de satisfação, podendo, por isto mesmo, cada pecador redimido cantar vida afora, rumo da eternidade com Deus:

“Alegre o dia em que abracei
Jesus, e Nele a Salvação!
O gozo deste coração
Eu mais e mais publicarei.
Dia feliz! Dia feliz,
Quando em Jesus me satisfiz!”

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         Não é, pois, sem justo motivo que, de gozo transportados, os próprios anjos, rompendo as cortinas azuis do firmamento, descem à terra, cantando, “em Coro excelso, santo, jubiloso”:

     Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens a quem Ele quer bem. 

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Nasceu Jesus e ei-Lo que vem, bendito, em nome do Senhor – “pregar o Evangelho aos pobres e sarar os quebrantados de coração”; ei-Lo que vem “a por em liberdade os presos e a anunciar o ano aceitável do Senhor”(Lucas 4:18-19).

     Agora, vós que ouvis tão alegres novas, vinde

– “Vinde ouvi a doce história
Que do Oriente vem;
O Messias, Rei da Glória,
Nasceu em Belém!

       Sim.Vinde, hoje mesmo – qual o fizeram, outrora os Magos – reconhecê-Lo também – Profeta, Sacerdote e Rei! Vinde, como eles o fizeram, “para adorá-Lo”; Vinde – imitando-os – abrindo, não tanto os cofres, de vossos tesouros materiais, mas, antes, o de vossas inteligências iluminadas pela Sua graça, de vossas almas crente, de vossos corações agradecidos.

     Nasça, destarte, Cristo em vossas almas.

     Felizes aqui, no tempo, tornar-vos-eis, certo, bem-aventurados na eternidade. Amém.

                                              Julio C. Nogueira

JORNAL O PURITANO.
Ano L, Nº 1934. Rio de Janeiro, 25 de Dezembro de 1948.

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