OS CRENTES E A POLÍTICA




OS CRENTES E A POLÍTICA

     Uma das questões que tem trazido em confusão o espírito de muitos crentes sinceros, é a atuação diferente que tem tido muitos irmãos na fé, uns procurando se abster completamente de tudo o que se refere à política, outros mostrando-se solidários com este ou aquele partido ou chefe político, outros ainda chegando ao extremo de se apaixonar por esta ou aquela corrente, este ou aquele chefe.
Com quem estará a verdade? Ou qual deverá ser a atuação dos crentes na política?

    Para chegar a uma conclusão devemos partir do princípio, isto é, da necessidade de o crente ser ou não ser eleitor. É lei da nossa pátria que todo o cidadão deve ser eleitor. [...].

     Devem concorrer às eleições e votar de acordo com a sua consciência no candidato que, segundo os seus princípios evangélicos e conforme a sua consciência, iluminada pela Palavra de Deus, cada um julgar merece o seu voto.

    O crente é o sal da terra e a luz do mundo, portanto deve dar valor ao seu próprio voto. O voto de um crente, dado em consciência e de acordo com as suas convicções cristãs, vale muito mais do que muitos outros votos inconscientes, queiram ou não queiram os inimigos da verdade.  

     Nunca o crente deve se apaixonar pela política. A paixão cega. O crente que se apaixona pela política, ou por um chefe político a quem jurou solidariedade incondicional, está quebrando o mandamento de Jesus quando disse no Sermão do Monte: – Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça.

     Arrastado na onda do fanatismo político, nunca houve um crente que pudesse ser fiel a Cristo e ao seu bendito Evangelho, porque colocará insensivelmente ou não, a política acima do Evangelho. Todo crente deve fazer suas, as palavras de Paulo: – “Para mim o viver é Cristo.

     Nossa confiança nunca deve ser posta em homem algum. “Maldito o homem que confia no homem” – é a voz de Deus no Velho Testamento.

      Entretanto, cada um, se quiser, pode ter suas simpatias por este ou aquele grupo político; mas procurar sempre no meio das suas simpatias, cumprir os seus deveres de crentes. “Daí a César o que é de César, e a Deus o que é de Deus.” Somos cidadãos desta Pátria terrena, mas em primeiro lugar, somos cidadãos da Pátria Celestial.

    E qual deve ser a atitude dos crentes para com o governo? Sejam quais forem as suas simpáticas políticas, o que não resta dúvida alguma é que todo crente deve respeitar as autoridades constituídas. Respeito e obediência às autoridades – é para o crente dever religioso. “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; pois não há autoridade que não venha de Deus; e as que há, tem sido ordenadas por Deus.” Estas palavras do apóstolo Paulo, foram escritas aos Romanos, no capítulo 13 da sua Epístola, quando o perverso Nero se assentava no trono do Império. 

    Uma tradição geralmente aceita diz que Paulo foi decapitado em Roma, no tempo de Nero, a quem ele obedecia e respeitava, como autoridade constituída.

     Escrevendo para o seu discípulo, o jovem ministro Tito, lhe dizia: – Adverte-lhes, (isto é, aos crentes) que estejam sujeitos aos governadores e às autoridades, que sejam obedientes... (Tito 3:1). Pedro, o apóstolo dos judeus, escrevia aos crentes da dispersão: – Sujeitai-vos a toda ordenação humana, por amor do Senhor, quer seja ao Rei, como supremo, quer seja aos governadores como enviados por ele, para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem (1 Pedro 2:14). Mais adiante um pouco, recomenda: “Honrai a todos, amai a irmandade, temei a Deus, respeitai ao rei.

      De tudo isso é claro que o crente deve respeito e obediência às autoridades. Entretanto, se a autoridade está sendo injusta e má, nada impede que o crente suspire pelo estabelecimento de uma nova autoridade. Entretanto, se a autoridade está sendo injusta e má, nada impede que o crente suspire pelo estabelecimento de uma nova autoridade que satisfaça os seus anseios de paz e concórdia, amor à justiça, tendo em vista sempre a glória de Deus. “Buscai primeiramente o Reino de Deus e a Sua justiça”.

Jornal A Penna Evangelica. Ano XI, nº 482.
Cuiabá-MT, 2 de Janeiro de 1937.
<Disponível em: memoria.bn.br>

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