O
grumete generoso
(Imprensa
Evangelica, Vol. IV, nº 20, 17 de Outubro de 1868, p. 156-158 )
Um navio francês voltava de Toulon para Havre, foi acometido
por um violento temporal. Vendo-se em perigo de naufragar, o capitão e a
tripulação inteira lançaram mão de todos os meios para afastá-lo da terra;
porém, apesar de todos os seus esforços, viram que a tempestade os impelia
sempre mais próximos da costa.
A noite inteira o navio combateu com as ondas e o vento. O
comandante demonstrava pela tristeza de um semblante o perigo em que se
achavam. De repente um choque terrível os avisou de que o navio havia
encalhado.
- Lançai os botes na água! gritou o capitão.
– A única esperança
que nos resta, disse então o comandante, é que um de nós vá nadando para a
praia, com uma corda atada em roda de seu corpo, para que por meio dela,
alcancemos a terra.
Nenhum dos marinheiros teve a coragem de oferecer para a
execução de uma empresa tão perigosa. Porém, logo se apresentou o grumete
Thomaz ao capitão dizendo que estava pronto para ir para a praia. O capitão
fez-lhe ver o perigo que corria, porém o mancebo não recuou, até que afinal o
comandante consentiu que ele fizesse a tentativa.
Já estando de todo pronto, aproximou-se Thomaz do capitão,
entregou-lhe seu pequeno tesouro, e lhe pediu que, caso perecesse, fizesse
chegar, se fosse possível, esse dinheiro às mãos de sua mãe, e que lhe dissesse
que a amava muito, e também a seus irmãos. O capitão lho prometeu, e o grumete
se dirigiu para o lado do navio donde ia lançar-se ao mar.
Os marinheiros
estavam tristes e envergonhados pelo exemplo de valor que lhes dava esse
mancebo; pelo que se dirigiram ao capitão a fim de pedir-lhe que proibisse Thomaz
de ir para a praia. Ele anuiu a seu pedido, e todos, pois, foram para o lado
onde julgavam ainda achar o grumete. Porém este já se havia lançado ao mar, e
estava combatendo corajosamente com as ondas.
A ansiedade
que reinava entre a tripulação era grande. Quando a corda se desenrolava com
rapidez aplaudiam os marinheiros; e quando fazia pouco ou nenhum movimento,
criam que Thomaz havia perecido.
De repente
divisam através das águas que os separam da terra, o grumete Thomaz sair das
ondas, e o veem logo depois lhes acenar. Vendo isto, um grito de júbilo
ressoou a bordo do navio; pois estavam salvos. Por meio da corda que Thomaz
havia levado à terra
passou-se-lhe um cabo, e por meio deste todos os que se achavam no navio
conseguiram alcançar a praia. Pouco depois do navio ficar abandonado, ele afundiu-se
para sempre.
Thomaz caiu doente em consequência dos
golpes das ondas e da fadiga; porém se sentia suficientemente recompensado por
haver salvo a muitos de seus semelhantes de uma morte iminente.
Não deverá
esta história trazer-nos à memória ao Senhor Jesus Cristo, que não somente
expôs a suavida, mas deu-a livremente para nos salvar? Aqui verdadeiramente ha
amor divino: Jesus morreu na cruz para salvar-nos, porque- nos amava. Amemo-lo pois,
e ponhamos toda nossa confiança nele, para alcançarmos o perdão dos nossos pecados
e a vida eterna unicamente pela sua morte expiatória sobre a cruz. As palavras
que ele nos dirige são: “Como Moisés no deserto levantou a serpente, assim
importa que seja levantado o Filho do Homem, para que todo o que crê Nele, não
pereça, mas tenha a vida eterna.” S. João 3: 14, 15.
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