Como a Bíblia circulou pelo Brasil Império


Fonte da foto: With the Bible in the Brazil de Frederick Charles Glass, 1914, s. p. 

Nos tempos do Imperador D. Pedro II não existia internet e nem televisão, mas Deus usou um método para fazer circular a Bíblia pelo Brasil: os colportores. Os colportores eram homens que saíam de porta em porta, de vila em vila vendendo Bíblias e livros de literatura evangélica. Muitos foram contratados pela Sociedade Bíblica Britânica e pela Sociedade Bíblica Americana. Robert Reid Kalley também chegou a contratar colportores. 

Além das aventuras que viveram andando pela imensidão do Brasil, muitos deles foram vítimas de intolerância e violência. Um dos casos mais famosos foi a prisão do colportor português Torquato Martins Cardoso em 1866 em Aracaju, Sergipe, sob a acusação de vender "bíblias falsificadas". O delegado Antero Cicero de Assis foi quem cometeu tamanha arbitrariedade. O Ministro da Justiça Martim Francisco Ribeiro de Andrada (1825-1886) foi interpelado pelo deputado maranhense Belfort Duarte a fim de que levasse o caso ao Imperador D. Pedro II. Assim, em 1868 veio o parecer favorável ao colportor: "Declara que a venda de livros sagrados, reputados contrarios á religião catholica, é permittida, por ser conforme a liberdade individual; salvo o procedimento criminal, por via de processo, nos casos expressos nos arts. 277 e 278 do Codigo Criminal. Rio de Janeiro, 4 de maio de 1868... Martim Francisco Ribeiro de Andrada". 

Dentre os mais famosos dos colportores figuram os missionários Frederick Charles Glass que escreveu "Aventuras com a Bíblia no Brasil", reeditado pela Editora Cristã Evangélica, Hugh Clarence Tucker, autor de "The Bible in the Brazil", e Archibald J. MacIntyre que escreveu "Down the Araguaya", narrando suas aventuras missionárias entre os índios e povoados do Goiás. 

Certo é que por meio dos colportores a Bíblia circulou pela imensidão deste país e hoje a Bíblia se encontra tanto em casas luxuosas quanto em casebres em favelas. Está nas mãos de um preso, mas também pode estar nas mãos de um juiz. Enfim, a Bíblia é democrática.

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