Foto: Almirante Coligny
O Massacre de São Bartolomeu: Um dos episódios históricos dos mais tristes relativos à perseguição à fé evangélica é o “Massacre de São Bartolomeu”. Este fatídico episódio ocorreu em 24 de Agosto de 1572 em Paris, França.
“... o Rei Carlos IX de França e os principaes ministros e oficiais de seu estado, tiveram uma solemne reunião na Camara dos Conselheiros do velho palacio de Louvre em Pariz. O fim dessa reunião foi tratarem de um assumpto de morte; não da morte de um homem, ou de alguns homens, porem de milhares dos principaes e pacíficos habitantes de Pariz. O jovem rei lançando mão de uma penna para assignar o decreto da matança baixou os olhos e em lucta com os seus sentimentos exclamou: Posto que tenha que fazel-o, tende cuidado de que nada se escape para depois me não lançarem em rosto. O dia assignado foi o dia 24 de Agosto de 1572. As tres horas da madrugada, quando suas victimas estivessem dormindo tranquillamente em suas camas, então o signal seria o repique dos sinos de uma das egrejas, e sendo o chefe da carnificina o perverso Duque de Guise, fundador da Liga Santa contra os protestantes, que em 1588 foi assassinado por ordem de Henrique III da França. Ordens foram dadas para que as portas se fechassem e as muralhas reforçadas com guardas; luzes foram collocadas nos pontos mais elevados da cidade, para que as marcas postas secretamente nas casas dos condemnados, podessem ser distinguidos com a claridade. Era uma das formosas e placidas noites, tão frequentes em França nas proximidades do outono. A cidade dormia tranquilamente quando o silencio foi quebrado por um tiro de peça. Calos IX tremeu de horror, e gotas de suor frio brotaram em sua fronte. Os ruídos das armas foram respondidos pelo toque do principal sino de uma egreja e logo após as demais egrejas repetiam o signal convencionado. Os homens armados sahiram immediatamente dos seus esconderijos, gritando pelas ruas: mata! mata! morte aos Huguenotes! O estridente bimbalhar dos sinos, o ruído das armas, o grito lancinante das victimas, as ultimas convulsões dos moribundos, tudo isso produzio uma terrivel confuzão, um prolongado, agudo e terrível estrondo. O Duque de Guise, com seu partido, surprehendeu primeiramente a casa onde vivia o Almirante Coligny o principal e chefe dos protestantes. Encontrando-o recostado em seu leito, soffrendo as consequencias de um tiro que havia recebido poucos dias antes, em um braço, tentaram seus aggressores, dar-lhe morte immediata. O almirante foi despertado precipitadamente de seu somno, pelo ruido produzido quando deitaram a porta á baixo. Dahi a momentos era arrastado pelos cabellos o venerando almirante e atirado á uma varanda. O ruido surdo da queda, as ondas de sangue que jorraram do seu mutilado corpo e salpicaram o chão a distancia, causaram espanto ao próprio Duque; mas este sentimento durou pouco, e a curiosidade fez com que sobre a victima viesse bruxulear a luz de um archote. Distinguiram então uma barba branca, usa rosto venerando e mãos inteiriçadas pela morte. O almirante! exclamaram mais de vinte vozes. Sim, o almirante, disse o Duque contemplando o cadáver com alegria, e acrescentou: Pagaste, Gaspar! e poz o pé ao peito do heroe protestante. [...]. Desde pela manhã de domingo até a tarde continuou a horroroso carnificina que abrandou um pouco ao anoitecer. Por espaço de cinco dias a matança seguiu o seu curso, socumbindo milhares de pessoas em Pariz ao fio da espada, ao bote da lança e ás balas das armas de fogo." (O Mensageiro, nº 18, 7 de Setembro de 1917, p. 05)
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