Fonte: Diretrizes, nº 198, 20 de Abril de 1944, p. 1.
O missionário metodista Hugh Clarence Tucker (1857-1956): “POR volta de 1885, a comunidade norte - americana do Rio de Janeiro pediu aos Estados Unidos um pastor evangélico. Precisavam de um pastor que fosse moço e solteiro. Naquele tempo, a comunidade (umas cem pessoas ao todo não podia sustentar um pastor casado e com filhos. Daí a exigência. No dia 4 de julho do ano seguinte chegava ao Brasil o reverendo Hugh Clarence Tucker, pastor evangélico, moço e solteiro que assumia, perante a comunidade, o compromisso de não se casar dentro de dois anos. – Aqui cheguei no dia em que se comemora a independência norte americana — conta ao repórter o velho Tucker. Um bonito dia!...
H. C. Tucker me conta coisas da sua vida. Nasceu em Nashville, em Tenessee, numa pequena fazenda. Sua familia era da roça, gente modesta. Hugh foi o quarto rebento duma prole de onze.
Graduou-se em religião na Universidade de Vanderbilt e veio para o Brasil. Tucker foi o primeiro pastor protestante da colônia norte-americana do Rio de Janeiro, de todo o Brasil.
Em 1888, H. C. Tucker recebeu um convite da Sociedade Bíblica de Nova York para distribuir, no território brasileiro, gratuitamente, as escrituras sagradas. Aceitou a incumbência. E durante cinco anos percorreu todo o país, do Acre à fronteira com o Uruguai, do Rio de Janeiro aos confins de Mato Grosso. [...] "Minha esposa ... é filha do Bispo Granbery, que fora meu mestre na Universidade de, Vanderbilt.Veio para o Brasil com passagem de ida e volta e não a usou nunca, pois foi ser professora em Piracicaba, onde ensinou as primeiras letras aos filhos de Prudente de Morais. Conhecí-a mais tarde, quando se transferiu para o Rio. Casamo-nos em 1891...
....o Instituto Central do povo, que fundou em 1906, no morro do Livramento, é a sua menina dos olhos. — Comprei o terreno de uma família norte - americana. Fica ao lado da chácara onde nasceu o maior dos escritores brasileiros, Machado de Assis. Em 1906, achei que aquele era o lugar para edificar uma escola destinada à classe proletária. A Gamboa era, então, como ainda hoje, infelizmente, um dos bairros esquecidos da cidade. Mas eu pensei que podia transformar muitos daqueles meninos briguentos, fadados á perdição, em homens de verdade. Tudo é uma questão de educação, pois Machado de Assis, que nascera no morro, não se havia tornado um grande homem? E me conta, satisfeito: — Onde hoje se levanta o Instituto Central do Povo, a mesma casa serviu, no tempo da guerra do Paraguai, de fábrica de material bélico. Lá se faziam torpedos, antigamente. Hoje, educam-se crianças...”
Trechos
da reportagem “O Pastor Tucker, o herói do Brasil” de Francisco de Assis
Barbosa, publicada na revista Diretrizes, nº 198, 20 de Abril de 1944, p. 1, 2
e 25.
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