O reformador John Huss (1369-1415)

 

 Fonte da foto: Revista da Semana, nº 41, 09 de Setembro de 1948, p. 38

O reformador John Huss (1369-1415), nasceu na aldeia de Husinetz. Estudou e foi professor de teologia na Universidade de Praga. Aceitou a ordenação de sacerdote, tornou-se deão da Faculdade de Filosofia e reitor da Universidade de Praga. Pela influência dos ricos comerciantes de Praga, foi dirigir serviços religiosos na Capela de Belém, onde já se aflorava um movimento reformador: não se lia mais orações em latim, e a leitura se dava na língua nativa da Boêmia. No meio desta agitação, John Huss descobre os livros de John Wycliffe (1328-1384). 

As ideias de Wycliffe criaram abrigo no coração de Huss: adotar só as Escrituras ao invés das ideias do sacerdote, traduzir a Bíblia no idioma nacional... John Huss leu os escritos de Wycliffe em público, perante os que compareciam à sua congregação e perante os alunos da Universidade. Numa forma de retaliação a Huss, o arcebispo pediu que todos os livros de Wycliffe que existissem na Universidade de Praga fossem queimados. Huss não se intimidou e condenou a atitude de queimar os escritos de Wycliffe. Retirou-se de Praga, persuadido de que sua presença nesta cidade traria mais agitação. 

A agitação das ideias de Huss chegou ao Papa e em 1413 foi excomungado via bula papal. Alguns amigos do reformador tentaram convencê-lo de parar de escrever e parar suas pregações. Huss não atendeu e logo veio uma ordem para que comparecesse perante o Concílio do clero na cidade de Constança. 

Huss foi à Constança. O Imperador Sigismundo lhe concedeu salvo-conduto (hoje, habeas corpus preventivo) garantindo-lhe proteção, mas sem a presença do Imperador e sem o Concílio ter-se instalado, Huss compareceu à audiência na data marcada: era uma armadilha. Ali foi detido e aprisionado. 

O Barão de Chlum tentou reverter essa covardia, mas nada pode fazer. Os cardeais espalharam na cidade que Huss estava com medo, por isso fugira do julgamento. 

O Imperador ficou do lado dos cardeais e não fez valer a sua ordem de salvo-conduto a Huss. Os cardeais transferiram secretamente o prisioneiro para um mosteiro dominicano, para que Huss ficasse longe do povo. Devido às condições da prisão, Huss ficou doente e mesmo assim teve que se preparar para o seu julgamento. O Concílio lhe negou um advogado de defesa. 

À época do julgamento no Concílio, o Imperador Sigismundo quis convencer Huss a retroceder em suas ideias e assinar uma retração de suas pregações. Huss não aceitou. Sua sentença foi a morte: foi queimado numa fogueira em 1415. 

Antes disto acontecer, escreveu numa carta que "pássaros mais fortes do que ele surgiriam para continuar o seu trabalho". A esperança foi concretizada em Martinho Lutero (1483-1546).

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