Daniel Parish Kidder: um missionário metodista no Brasil Império

 

                                    Fonte: Reminiscências de Viagens e Permanência no Brasil de Daniel P. Kidder

O missionário metodista Daniel Parish Kidder (1815-1891) veio ao Brasil em 1837 incumbido pela Sociedade Bíblica Americana de observar o território brasileiro a fim de verificar a possibilidade de espalhar as Sagradas Escrituras pela vastidão do Império do Brasil. Kidder desejava ir à China, mas como não foi possível, aceitou o convite da Sociedade Bíblica Americana e veio para o Brasil. Kidder empreendeu várias viagens nesta Nação.
Juntamente com o missionário presbiteriano James Cooley Fletcher (1823-1901), escreveu a famosíssima obra Brazil and the Brazilians (O Brasil e os Brasileiros). Daniel Kidder escreveu sozinho Sketches of residence and travels in Brazil (Reminiscências de Viagens e Permanência no Brasil).
O missionário Kidder teve a ideia de colocar Bíblias nas bibliotecas das escolas públicas estaduais de São Paulo, mas a interferência dos clérigos contrários à livre circulação da Bíblia impediu esta ideia de se concretizar: “De São Paulo, Kidder continuou viagem para o interior, atingindo as cidades de Itu e Sorocaba. Viu então, ainda melhor, as necessidades espirituais das terras paulistas. As poucas Bíblias que trouxera consigo foram disputadas pelas amizades que ia formando. Veio-lhe, então, a ideia de formar uma pequena biblioteca de uma dúzia de Novos Testamentos em cada escola pública do Estado. Quando voltou a São Paulo, consultou o Dr. Brotero sobre a viabilidade desse plano. O ilustrado professor mostrou-se encantado com a ideia e sugeriu que Kidder a apresentasse à Assembleia Legislativa do Estado. E assim foi feito. No dia 29 de fevereiro de 1939, Kidder recebia o seguinte documento: “Eu vos informo que a Assembleia Legislativa desta província recebeu com satisfação toda especial a vossa oferta de cópias do Novo Testamento traduzidas pelo Padre Antônio Pereira de Figueiredo, e que a Assembleia tomará deliberação sobre o mesmo, que será comunicada a V. Excia. Deus vos preserve. Miguel Eufrázio de Azevedo Marques. Palácio da Assembleia Provincial, São Paulo, 20 de fevereiro de 1839’. Apesar da boa vontade que todos os legisladores haviam revelado em conversa particular com o Rev. Kidder, vinte dias depois o pastor metodista recebia esta comunicação: ‘Devido a folhetos que têm aparecido aqui recentemente, publicados no Rio de Janeiro, os bispos têm proibido a distribuição de Bíblias nas escolas públicas. Eu vos informo desta circunstância para que não mandeis buscar as Bíblias, conforme vossa intenção. (Assinado) J. M. d’Avellar Brotero. São Paulo, 10 de março de 1839’.’ Assim, por interferência eclesiástica, os pioneiros do Metodismo no Brasil não puderam fazer uma contribuição que teria, possivelmente, mudado os rumos do grande Estado de São Paulo e, através dele, da nossa própria Pátria.” (Linha de esplendor sem fim, Halford E. Luccok)
A Sociedade Bíblica Americana só estabeleceu a sua agência no Brasil em 1876. Já a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira estabeleceu sua agência no Brasil no ano de 1856.
Em 1840 Kidder retornou aos Estados Unidos juntamente com seu filhinho, devido o falecimento de sua esposa, a Sra. Cynthia Herriet Kidder. Assim Kidder testemunhou da perda de sua amada esposa: "Passamos então a providenciar ativamente para a realização do culto em português no Rio de Janeiro. Para tanto pusemo-nos a preparar uma série de prédicas, que esperávamos poder logo começar a ler em público. Foi nessa ocasião que lutuoso acontecimento veio interromper bruscamente o curso das novas atividades no Brasil. Vítima de cruel moléstia, nossa amada esposa em poucos dias baixou à sepultura. Fora roubada ao exercício de uma atividade na qual se especializara cuidadosamente. Sua dedicação e devotamente 'ao serviço que lhe era destinado' foram repentinamente cercados pela mão da morte. Morreu, porém, da mesma forma que vivera, humildemente, fervorosamente cristã; , em último alento, triunfou sobre o inimigo, 'adormecendo mansamente em Jesus' — o Salvador — 'Pela luz de cujo sorriso no céu de amor, seu coração fervoroso aspirava constantemente.'"

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