Foto extraída de: By Horse, Canoe and Float through the Wilderness of Brazil by William Azel Cook, The Warner Company, 1909, p. 339
O missionário presbiteriano William Azel Cook lançou em 1909 o livro By Horse, Canoe and Float through the Wilderness of Brazil:
“O autor desta obra passou sete anos no Brasil e em outros países sul-americanos, viajando extensivamente a cavalo e de mula, e evangelizando entre os semi-bárbaros portugueses e povos de língua hispânica do longínquo interior. Ele escreve de maneira divertida e instrutiva sobre a vida diária destas pessoas, descrevendo como construíam suas rudes habitações, sem gastar mais que uns poucos dias de trabalho; como estas moradias são mobiliadas e seus repulsivos arredores, ainda que localizadas numa terra de eterna primavera; descreve a vida familiar e a ocupação e a posição social das mulheres; o amável clima do Brasil e a grande fertilidade do solo; métodos primitivos de agricultura e lavoura em grande escala; a vista de grandes fazendas de café; a maravilhosa fecundidade e a beleza da natureza, a pobreza, a ignorância e a depravação, sem se esquecer do povo comum. Ele fala das expedições para obter a castanha do Pará e de como as castanhas crescem; escreve das árvores que jorram leite, igual às vacas, e sobre uma palmeira que é ela própria uma espécie de fábrica; descreve o Brasil como um país que tem uma grande metrópole de formigas, e explica os métodos usados para expulsar estes interessantes possuidores e ocupantes da terra. O autor descreve também, os destiladores rudes e onipresentes de rum; a farinha e as serrarias que representam o conhecimento mecânico de uma era remota; quase tudo que as famílias rurais necessitam é feito em casa; e como milhares de pessoas se tornaram potenciais escravos por causa de dívidas. Ele escreve sobre as tempestades tropicais; das vilas do interior e das cidades que carecem de tudo o que pertence à vida civilizada; descreve grandes cidades com estranhas combinações de civilização avançada e barbarismo – lugares cercados por belos jardins botânicos e choupanas nas selvas suburbanas cercadas de muita sujeira; explica o porquê estas cidades é o paraíso de mascates e vendedores de rua; fala de lojas de café e leite, e de como as pessoas são apaixonadas por loteria; escreve sobre a origem de nomes pessoais; informa-nos sobre o que os garotos e as garotas aprendem, e sobre o que os professores sabem, e como as crianças indesejadas são postas na roda dos enjeitados; descreve cortejos fúnebres e estranhos métodos de sepultamento; jazigos de ossadas humanas; os leprosos; assustadores métodos de lidar com os criminosos, e a administração da justiça. O autor ainda nos diz mais, diz-nos das crenças e práticas religiosas destas pessoas; de seus festivais e carnavais; da origem dos famosos ídolos e santuários; descreve a adoração de imagens e como a mente humana é envenenada e degradada.
E ainda mais, o autor descreve, passo a passo, de maneira que faz aumentar o interesse, os métodos de evangelização, relembrando muitas experiências notáveis que ele e outros missionários tiveram enquanto engajados neste nobre ofício; – desde conflitos com sacerdotes brutais que travavam uma guerra amarga e incessante contra a Bíblia, colidindo com zombarias e guerras causadas pelo preconceito e ignorância arraigados no povo; e finalmente, dos gloriosos triunfos do Evangelho.
Além de viajar bastante entre o povo de língua hispânica e portuguesa, o autor jornadeou em canoas, em rudes barcos e à cavalo, levando equipamentos para acampamento, milhares de milhas pela imensidão sem fim da América do Sul habitada somente por feras selvagens e homens selvagens, e de uma das tribos ele fez uma coleção etnológica para o Museu Nacional dos Estados Unidos. Ele faz um relato gráfico de suas viagens nestas regiões pouco conhecidas, descrevendo completamente e de um modo muito interessante e instrutivo, a vida diária dos “filhos da floresta”. Ele nos conta como constroem suas cabanas e vilas; como mobiliam suas habitações e as muitas coisas estranhas que são vistas dentro delas; como recebem os estranhos; como guardam suas casas; como conseguem e preparam sua comida, fazendo da floresta e do rio seu jardim, sua mercearia e açougue; seus notáveis métodos de pescaria, caça e luta; como cultivam o solo; quais tipos de armas de guerra e de caça eles usam e como as constroem; como se vestem e se adornam e seus espantosos ornamentos de orelha e lábios; como fazem ou conseguem potes, panelas e outros utensílios domésticos, fabricando com as muitas coisas prontas que a natureza os oferece prontamente para uso; como fazem canoas; como capturam e tornam animais selvagens membros de suas numerosas famílias; os notáveis esportes e diversões que praticam; sua espantosa música e hinos noturnos sem igual; como cortejam, se casam e criam suas famílias; como as crianças ocupam o seu tempo; como é o governo de cada vila; a linguagem não escrita das criaturas primitivas e como eles numeram; sua ética, crenças religiosas estranhas, e seus feiticeiros; como exorcizam e afugentam para longe fantasmas e demônios; seus instrumentos misteriosos; seus ritos funerários elaborados e chocantes, métodos de enterro, e seus notáveis carnavais.
O autor escreve vividamente, além de navegar em canoas por rios desconhecidos cercados pela vasta e inexplorada imensidão e se deparar com numerosas corredeiras perigosas; avistava as margens dos rios povoadas de jacarés e inúmeros pássaros de tamanho grande, enquanto a água fervilhava, fervia e até mesmo rugia com peixes e monstros, e o ar estava alegre com a luta dos pássaros de plumagem deslumbrante e suas notas musicais. Viajando a cavalo, seguindo as trilhas quase imperceptíveis, suas viagens o levaram à grandes colinas e montanhas, em pântanos largos e perigosos pelos quais ele chafurdou e caminhou, através de inúmeras selvas, e através de densas florestas tropicais envoltas em perene escuridão, amedrontadoras no silêncio da meio-dia, terrível em seus barulhos e escuridão da meia-noite, onde o silêncio sepultava-se nas massas da vegetação espinhosa. Ele nos relata sobre ter acampado em maravilhosos jardins botânicos naturais, e de dormir numa rede ou no chão coberto apenas pelas estrelas, e ser entretido pela grande orquestra da natureza de um milhão de peças – a miríade de vozes da imensidão – e às vezes ameaçado por feras selvagens, répteis e canibais selvagens; de como ele foi atormentado dia e noite por exércitos de insetos de toda espécie; chamuscado por um sol vertical de dia e resfriado pelos ventos noturnos; acometido de febres. Ele escreve dos banquetes, que aparecia às vezes, com deliciosas frutas e vegetais selvagens, e de subsistir, de outras vezes, com antas, tamanduás, macacos, lagartos grandes, e várias outras criaturas selvagens. Ele nos relata que visitou florestas de seringueiras, encontrando grandes cataratas e muitas quedas d’água encantadoras; atravessou lugares ermos não medidos; avistou altitudes na atmosfera maravilhosa e encantadora, extensões estupendas deste mundo desconhecido, e avistou vinte ou mais tempestades de chuva ao mesmo tempo.
Este livro não deixa de ser interessante e instrutivo a todos e especialmente a todos os cristãos evangélicos de qualquer denominação; ainda mais porque ele cobre um assunto de um campo sobre o qual quase não há nada impresso.”
The Christian Missionary Alliance, Volume XXXIII, nº 20. New York, 12 de Fevereiro de 1910, p. 309
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