Os colportores eram homens que saiam de porta em porta, de vila em vila vendendo Bíblias e livros de literatura evangélica. Muitos foram contratados pela Sociedade Bíblica Britânica e pela Sociedade Bíblica Americana. Frederick Charles Glass foi um dos mais famosos colportores do Brasil. Sua missão de distribuir as Escrituras Sagradas foram imortalizadas nos seguintes livros de sua autoria: Adventures with the Bible in the Brazil; With the Bible in the Brazil; A thousand miles in a dug-out e Through the heart of Brazil. Adventures with the Bible in the Brazil foi lançado no Brasil com o título de "Aventuras com a Bíblia no Brasil". Era missionário da South American Evangelical Mission e colportor da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira.
Frederick Glass era inglês e veio para o Brasil em 1892 contratado por uma grande companhia brasileira de estrada de ferro, e ainda não era um crente convertido. Foi por meio de um evangelista canadense chamado Reginald Young que o Sr. Glass entregou sua vida a Cristo. Depois o Sr. Glass conseguiu um contrato com uma empresa britânica de mineração em Minas Gerais. Quando sentiu a chamada para o campo missionário, relutava, pois ainda tinha contrato vigente por mais dois anos com esta empresa de mineração. Glass foi intoxicado com hidrogênio arsenicado, e se recuperou milagrosamente sem ajuda médica. Então a empresa de mineração decidiu romper o contrato de Glass, assim ele pode cumprir sua jornada missionária sem embaraços, já que como colportor ele tinha que jornadear pela imensidão do Brasil.
Numa entrevista concedida pelo Sr. Glass ao famoso jornal Diário de Pernambuco (edição nº 262 de 7 de Novembro de 1943), o jornalista A. Malta fez uma linda reportagem intitulada Um missionário inglês entre índios brasileiros, onde o próprio Sr. Glass conta detalhes de sua estada no Brasil. Assim é relatado nesta reportagem como o Sr. Glass virou colportor: "Em 1898 Frederick Charles Glass realizou sua primeira viagem como vendedor de bíblias, indo a cavalo de Ouro Preto a Vitória do Espírito Santo. – “Mas, era muito difícil convencer os fregueses com o meu português complicado”. No ano seguinte viajou por estrada de ferro de Petrópolis até Araguari, onde comprou sete animais e com eles atravessou todo o Estado de Goiaz. Dessa vez ganhou o Estado de Mato Grosso e então teve o primeiro contacto com índios brasileiros – os bororós, perto das nascentes do rio das Mortes. – “Não vi os indígenas, mas os ouvi acompanhando-me à estrada de dentro do mato. Foi nas proximidades de Cuiabá que encontrei um índio pela primeira vez." Frederick Charles Glass esteve entre os índios e alguns de seus livros são dedicados a relatar suas aventuras entre os indígenas, principalmente entre os índios Carajás.
"O Rev. Frederick C. Glass emprehendeu em 1909 uma viagem pelas regiões do Araguaya com o nobre intuito de descobrir as possibilidades do estabelecimento de uma missão da igreja evangélica, a que pertence, entre os índios Carajós, até agora abandonados. O resultado dessa santa inspecção foi agora publicado neste livro interessante, que, apezar de sua preocupação religiosa, não deixa de ser um formoso repositório de factos, anecdotas e commentarios sobre os descendentes dos primitivos habitantes do Brasil!. O Sr. Glass desceu o Araguaya e esteve na Ilha do Bananal, onde se esconderam as tribús carajós." (Jornal do Commercio, nº 355, 1911, p. 3). Um lindo artigo escrito por Frederick Charles Glass com o título de "Atravez do Territorio dos Indios Carajás" foi publicado no Jornal Batista de 18 de Dezembro de 1919.
O missionário Frederick C. Glass faleceu em 1960 e foi sepultado em solo brasileiro, mais especificamente no Rio de Janeiro, no Cemitério dos Ingleses, na Gamboa.
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