Foto: The Christian Herald, 14 de Outubro de
1908, p. 816
“Blossom Home” é o nome escolhido para o refúgio que esperamos abrir para os pequeninos de Deus em São Paulo quando retornamos ao Brasil. O plano não surgiu de repente. A semente pensada foi plantada cerca de dezesseis anos atrás. Eu estava caminhando por uma rua brasileira, vendo um agrupamento comum de crianças brincando perto das portas. Lembrei de como o meu coração apiedou-se daquelas crianças, então eu disse a um amigo que estava comigo: “Amaria ter um lar para crianças órfãs.” Não me lembro se a ideia anteriormente já tinha definitivamente estado em minha mente antes daquele último verão. Eu estava lendo a minha Bíblia quando novamente a ideia de um lar para criancinhas veio a mim. Neste momento ouvi meu marido me chamar do jardim onde ele estava trabalhando, e quando respondi o chamado, suas primeiras palavras foram: ‘O que você quer fazer quando retornar dos Estados Unidos?’. Sem um momento de hesitação, respondi: ‘Abrir um lar para crianças órfãs”.
Poucos dias depois, Sr. e Sra. Ranken, meu marido e eu tivemos uma conversa sobre vários assuntos importantes. O assunto do orfanato não estava na lista, mas veio à tona, e pedimos a Deus para fazer o Seu querer conhecido a nós a respeito desta obra.
Entendemos agora porque a primeira florzinha brasileira floresceu no jardim da nossa casa. Oh, que infortúnio, bulbinho feio que tinha que ser cuidado antes que a florescência viesse! Foi em Cachoeirinha que ela veio a nós, uma pobre criancinha. Sua mãe é descendente de índios. A avó ficou muito nervosa quando a criança nasceu, negligenciou e até mesmo maltratou a filha. Como conseqüência, a filha tornou-se, lamentavelmente, insana. Ela costumava passar na nossa porta com gritos altos, de pessoas atormentadas, rogando maldições sobre nós. Mas de tempos em tempos, ela ouvia nós cantarmos hinos evangélicos em nossas reuniões, e isto a quebrantou, e pouco a pouco se tornou amigável. Num Sábado de manhã, ela veio à nossa casa de reuniões com seu bebê, uma pobre criaturinha, literalmente nada além de pele e ossos, o ser humano mais definhado que já vi. Mal havia um raio de vida no pobre corpinho. O que vimos despertou tanta pena que tanto eu como meu marido sentimos que deveríamos pegar a criança e cuidar dela, contudo, várias horas se passaram antes que cada um soubesse qual era o pensamento do outro. A mãe recusou a desistir dela no começo, mas logo veio a nós pedindo leite para o bebê. Eu disse: ‘Luiza, nos dê o seu bebê e nós daremos leite de vaca a ele todos os dias, e assim ela pode viver. Sua filha está morrendo. Ele não viverá muito tempo como ela está.’ Ela correu para casa, trouxe de volta o bebê, e o lançou em meus braços, dizendo: ‘Toma ela, ela é sua.’
Será difícil encontrar agora uma garotinha mais bonita e mais feliz.
O caso da querida pequena Blossom é somente um de muitos. O que o Evangelho fez por ela pode fazer por outras criancinhas brasileiras. Há muitos necessitados. Casamentos muito cedo e grandes famílias são regra no Brasil. Nesta grande República, maior que o Estados Unidos, excluindo-se o Alaska, há somente um orfanato protestante (Luterano), que pode acomodar somente um pequeno número de crianças. Fica no extremo sul, inteiramente fora de alcance para as criancinhas do nosso campo.
À vista da necessidade gritante para tal obra vamos pô-la diante do povo de Deus o plano para começar um lar interdenominacional para órfãos e crianças desamparadas. Esta obra estará conectada com a Missão Evangélica Sul Americana, a qual pertencemos.
Tem sido sugerido que as Sociedades de Esforço Cristão, Missionary Bands, King’s Daughters’ Circles, ou outras sociedades, ou outros indivíduos que possam ser guiados por Deus para patrocinar ou ajudar parcialmente uma criança órfã. [...].
SARA CHAMBERS COOPER
Extraído de: The Christian Herald, 14 de Outubro de 1908, p. 816
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