Missionários apostólicos no Brasil (Extratos do Relatório do Segundo Ano, de Reginald e Kate Young)

 

Reginald J. Young, Kate H. Young, e o filho deles

Foto: The Christian Herald, 14 de Novembro de 1904, p. 1126

Enquanto evangelizávamos nos Estados Unidos há seis anos atrás,  ouvimos um discurso da condição negligenciada e de carência da América do Sul. Enquanto ouvíamos aquele discurso cada um de nós quietamente resolvemos com Deus, que levaríamos Sua mensagem à América do Sul, começando em qualquer lugar. Ao fim do encontro demos nosso testemunho um ao outro, e imediatamente começamos a fazer os preparativos para partir para qualquer porto que Deus designasse. Usamos nossas últimas posses terrenas para fazer esta jornada. Cerca de duas semanas, embarcamos para o Rio de Janeiro, desembarcando lá em 10 de Julho de 1896, sem nenhuma sociedade missionária ao nosso redor, e nenhuma garantia humana de sustento, mas olhando para Deus para suprir todas as nossas necessidades. Não éramos conhecidos de uma única pessoa no Brasil, nem éramos capazes de falar uma palavra em português. Mês após mês passamos rogando a Deus e estudando a língua.

      Amigos nos advertiram para retornar a nossa própria terra, e ofereceram liberalmente fazer doações para este fim, mas nenhum voluntário se dispôs e isso nos permitiu permanecer aqui e pregar as insondáveis riquezas de Cristo ao pobre povo desamparado, que nunca tinha ouvido as alegres novas de salvação. Durante as muitas vicissitudes destes dois primeiros anos, vivemos alguns meses num campo de mineração inglês ganhando o nosso pão, e enquanto estávamos lá pregamos o Evangelho em nossa própria língua. Um homem recebeu a Cristo, e um desviado foi restaurado. Então, pessoas revoltadas com os clamores para arrependerem-se nos expulsaram do lugar no meio de uma chuva pesada. O único jeito de viajar foi no lombo de uma mula, vagando pelas profundezas da lama, cruzando rios, encharcados pela chuva. Nosso pequeno Paulo, com sete meses de idade então, deparou-se com as primeiras perseguições por causa de Jesus. Fugimos para uma cidade brasileira, e lá começamos a balbuciar o português, para falar ao povo sobre Jesus e Seu amor. Nesta mesma circunstância, os dois homens mencionados anteriormente deixaram a mina de ouro, e se uniram a nós, a fim de evangelizar conosco. Várias jornadas longas foram feitas então, com mulas, pregando em muitos lugares, e vendendo Bíblias. Tão logo os dois irmãos se acostumaram com o trabalho, os deixamos encarregados de tudo, e fomos para os Estados Unidos no verão de 1899 para dar um relato do campo ao povo de Deus de lá. Retornando ao Brasil, o Senhor nos dirigiu a esta cidade: São Paulo, distante do Estado de Minas, onde vivemos anteriormente. Aqui, em 22 de Setembro, começamos a pregar o Evangelho, com a ajuda dos dois irmãos, realizando reuniões na sala de jantar de uma pequena casa que alugamos. O primeiro sermão foi pregado para uma pequena companhia de dezessete pessoas. E o Senhor os abençoou. Nós então entramos numa campanha sistemática: visitar de casa em casa, de rua em rua, vendendo Bíblias e conversando com as pessoas. O primeiro ano foi de tremendo esforço de todas as maneiras, tanto no reino espiritual, quanto no terreno, e muitas vezes pareceu que não poderíamos continuar mais. O dinheiro era escasso, os gastos muito altos, e, claro, não podia ficar devendo. Muitas vezes estava em cima do dia de pagar o aluguel, quando Deus nos enviava socorro de maneira surpreendente. Com alguma exceção, nosso aluguel tem sido pago adiantado no primeiro dia de cada mês. Uma vez, pois, não tínhamos dinheiro em mãos, pedimos ao Senhor que não deixasse que o locatário viesse até que tivéssemos com o dinheiro preparado, e naquele mês quem recebia o aluguel não apareceu até o dia 9. No meio de toda esta guerra, homens e mulheres foram convertidos, e os visitantes aumentaram tanto que fomos obrigados a alugar uma casa maior, onde estamos vivendo agora. O aumento Deus manteve-se alargando e alargando, e até duas paredes foram tiradas na nova casa para fazer um salão para o povo, e agora, a sala alargada, que há um ano atrás parecia tão imensa, está se tornando apertada e pequena para as exigências da obra. Em Janeiro, deste segundo ano, começamos a enviar missionários dentre os nossos convertidos, para evangelizar nas cidades circunvizinhas do Estado de São Paulo, e fomos aos poucos capazes de enviar treze bons obreiros para ser exato, não contando quatorze, pois este um é agora nosso pastor auxiliar. Todos deixaram seu trabalho autossustentável para então obedecer à comissão de Cristo. Durante o segundo ano trabalhamos em muitos lugares e em seis Estados diferentes, dois Estados a mais, incluídos numa viagem que está em progresso agora. O Sr. F. C. Glass, um inglês, que vive no Brasil há mais de dez anos, foi um dos convertidos enquanto estávamos nas minas de ouro de Morro Velho em Maio de 1897. Cerca de um ano após sua conversão, ele definitivamente se consagrou ao serviço de Jesus, renunciando a uma posição lucrativa, uma vida simples e confortável, a fim de pregar o Evangelho. Toda sua poupança, de cerca de $1.000 dólares, ele lançou na tesouraria do Senhor, e pondo até mesmo alguma moeda que ficara em seu bolso, para literalmente não excluir nada de Deus. Ele tem suportado durezas como um bom soldado de Jesus Cristo desde então, compartilhando nossa própria vida rude naqueles dias de começo, e alegremente suportando cada fardo, tem feito muitas e longas jornadas no lombo de uma mula, pregando a Cristo numa grande variedade de lugares, e sempre tendo sucesso fenomenal na venda da Palavra de Deus.

Extraído de: Salvation, Vol. 5, 1903, p. 187-189

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