O trabalho evangélico no Brasil

 

                                          Extraído de: The Christian Herald, 2 de Julho de 1902, p. 561

“Uma história muitíssimo interessante de trabalho missionário bem sucedido é relatado pelo Sr. Reginald J. Young, que retornou do Brasil. Ele trabalhou por seis anos naquela terra populosa, e agora está neste país buscando ajudar a estender o seu trabalho. Sua experiência nas cidades e distritos do Brasil traz a convicção que se um esforço zeloso e sistemático fosse feito para evangelizar este país, uma rica colheita de almas poderá ser colhida. É, como ele diz, um dos campos missionários mais promissores, que recompensará os labores de obreiros evangélicos consagrados. O Sr. Young e sua esposa foram gradualmente guiados ao trabalho missionário após uma breve estada no Rio de Janeiro. Eles tinham uma pequena propriedade que era suficiente para suas próprias necessidades, e durante a visita deles fizeram excursões da cidade para o interior. Ficaram admirados em descobrir quão poucos dos conhecidos sabiam alguma coisa do Evangelho ou da Palavra de Deus. Até mesmo pessoas estudadas estavam entre estes, que não possuíam um exemplar da Bíblia. Sr. e Sra. Young obteve da Sociedade Bíblica uma remessa de Bíblias, Novos Testamentos e exemplares de cada um dos Evangelhos em português. Logo estes exemplares foram postos em circulação, muitos foram logo vendidos e outros doados às pessoas ávidas em obtê-los. Os visitantes cristãos procuravam um local novo e partiram numa longa jornada ao oeste, visitando as cidades no caminho, vendendo ou doando os preciosos volumes. Na volta, fixaram-se em São Paulo, perto de Santos, onde alugaram uma casa para cultos públicos. Ali a Bíblia era lida e explicada. Muitos vieram, e logo as pessoas estavam perguntando sobre a maneira de ser salvo. A venda de casa em casa foi feita em Santos, e um grande número de porções da Bíblia foi vendido. A cidade de São Paulo, que tem população de 250.000, também foi visitada na medida do possível, e as pessoas convidadas para as reuniões. Visitas também foram feitas às cidades vizinhas. Numa destas visitas, um jovem inglês chamado F. C. Glass foi trazido a Cristo, e tão fervoroso que era, abandonou seus negócios para dar assistência ao trabalho missionário. Ele provou ser um obreiro bem sucedido. Cerca de quarenta pessoas ao todo fizeram profissão de fé em São Paulo, e houve muitos outros que manifestaram profundo interesse no ensino e desejo, é o que dá para acreditar, de tornarem-se crentes. Entre os convertidos, o Sr. Mello, um jovem que outrora foi notório por sua impiedade, tornou-se um pregador. Ele é brasileiro nato e de considerável fortuna. Após sua conversão, determinou-se diligentemente ao estudo da Bíblia, e pregava a cada oportunidade, tanto nas ruas quanto na missão. Seu simples testemunho foi dado com poder, e tem sido grandemente abençoado. Numa das reuniões, um sacerdote católico romano ficou tão impressionado que se tornou um inquiridor, e aceitou a Cristo. Sr. Mello tem, junto com dois outros obreiros, partiram à pé numa jornada missionária por três Estados, tencionando pregar em todas as cidades principais. Uma das companhias do Sr. Mello é o Sr. Egydio Dias, que se converteu na Missão de São Paulo. Ele é espanhol, mas fala português fluentemente. Cerca de um ano após sua conversão, fez o seu lar com o Sr. e a Sra. Young, e eles tiveram assim a oportunidade de observar o seu caráter. Ainda que ele tivesse sido um homem de vida totalmente sem religião, sua calma, humildade e comportamento sério transmitiam uma profunda impressão naqueles que entravam em contato com ele. O desejo principal do Sr. Young era organizar um corpo de obreiros nativos. Ele está convicto de que no Brasil a igreja crescerá melhor se não for considerada como uma igreja missionária. Brasileiros natos têm um domínio melhor da linguagem do que um estrangeiro pode adquirir. Eles estão mais familiarizados com os costumes nacionais, modo de pensar, e não se deparam com o preconceito do nativo com o qual trata o estrangeiro que vem lhes ensinar sobre religião. No entanto, ele confia principalmente no sucesso futuro dos convertidos que ele está treinando, mas acima de tudo na circulação da Bíblia, a qual, para muitos lares brasileiros, é um livro novo.”(The Christian Herald, 2 de Julho de 1902, p. 561)

                                Foto extraída de: The Christian Herald, 2 de Julho de 1902, p. 561

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