Foto: Interior da Catedral Presbiteriana do Rio, Revista da Semana, nº 40, 01 de Outubro de 1955, s. p.
"Jean Du Bourdel, Matthieu Verneuil, e Pierre Bourdon executados na sexta-feira tragica, 9 de fevereiro de 1558, por Nicolas Durand Villegaignon, na bahia de Guanabara, e o sangue dos quaes foi a semente da Egreja Evangelica em terras da America!" A Tragedia da Guanabara de Jean Crespin, Typo-Lith. Pimenta de Mello & C., 1917
“No dia 10 de março... na ilha de Villegaignon, então Forte de Coligni, se celebrou o primeiro culto evangelico, segundo o rito calvinista, em terras do Brasil e, quiçá, da América do Sul. A instancias de Villegaignon, a Egreja de Genebra preparou uma leva de huguenotes para virem se estabelecer na então, França Antartica, afim de solidificar e desenvolver a colonização desta parte da America que viria a ser, porventura, um logar de refugio para os protestantes perseguidos na França e demais paizes da Europa. Á frente deste bando de heróes da fé, fora posto o venerando Felippe de Corguillerai, senhor du Pont, amigo e visinho do grande almirante de Coligni, quando estivera em Chastillon sur Loing. Acompanhavam-no dois ministros evangelicos: o ancião Pedro Richier de cincuenta annos de edade, e Guilherme Chartier, mais moço. Além desses dois pastores, formados em theologia, profundamente conhecedores das Sagradas Escripturas e das línguas originaes desse Sacratissimo Deposito, acompanharam n'os os seguintes aspirantes ao ministerio e profissionaes em varias artes: Pedro Bourdon (excellente torneiro), Matlieus Verneuil, João du Bourdel, André la Fon (alfaiate), Nicoláo Dénis, João Gardien (perito retratista), Martin David, Nicoláo Raviguet, Nicoláo Carmeau, Jacques Rousseau e João de Lery, o clássico historiador desta viagem e estadia dos protestantes no Brasil.Tendo esta comitiva partido de Genebra a 16 de setembro de 1556, demandou primeiramente a Chastillon sur Loing, onde os huguenotes tiveram a opportunidade de encontrar-se com o grande almirante Coligni. Dahi seguiram para Paris, onde se demoraram um mez, e onde ‘alguns gentis homens e outras pessoas’se aggregaram á expedição. Só a 7 de março de 1557, demandara a frota do Sr. Bois Le Conte á barra do Rio de Janeiro, e sômente a dez do mesmo mez, desembarcára, no Forte de Coligni, esta celebre expedição... reunindo-se todos numa sala que havia no meio da ilha, e depois que Pedro Richier invocou a presença do Divino Espirito Sancto, cantou-se o PSALMO 5º... Após este cântico, fez um eloquente sermão, tomando por thema as seguintes palavras do Psalmo 27, versículo 4, segundo a excellente traducção do ex-padre Sanctos Saraiva: Uma coisa tenho pedido a IAH’VEH a qual eu buscarei; que assista eu na casa de IAH’VEH, todos os dias de minha vida, para IAH’VEH contemplar o explendor, e recrear-me em seu templo.” (O Puritano, nº 384, 21 de Março de 1907, p. 1)
Mas a face de perseguição à fé evangélica logo se manifestou: “Logo, depois da chegada dos ministros Vilaigaignon principiou a evidenciar a traição que armara contra os huguenotes, maltratando os pastores Richier e Chartier, e mais tarde assassinando a Jean Du Bourdel. Matheu Vermeil, e Pierr Bourdon, cujos cadáveres foram lançados na Baía do Guanabara - belo e grandioso relicário dos primeiros mártires do Novo Mundo! O martírio desses huguenotes deu-se a 9 de Fevereiro de 1558. Um dos huguenotes, João Bolés, que fugira aos maus tratos de Vilaigaignon, o CAIM DA AMÉRICA, apareceu em S. Vicente em 1559, onde foi preso pelo Padre Luiz da Gram. Daí foi para a Bahia, onde esteve num cárcere e onde tentaram matá-lo por duas vezes. E dali veio para o Rio de Janeiro, onde foi martirizado a 20 de Janeiro de 1567[...]. Coube ao Brasil receber os despojos dos primeiros mártires do trabalho missionário evangélico realizado pelos protestantes, o que nos serve de auspicioso augúrio de que, em breve, o Brasil será uma nação verdadeiramente cristã, ou protestante.” (O Puritano, nº 83, 3 de Janeiro de 1901, p. 1)
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