Um homem que abalou o mundo

 

                                                                            Martinho Lutero (1483-1546) e família

Com o título de “Martin Luthero: um homem que abalou o mundo”, em 1873 a Typographia Luso-Britannica de W. T. Woods publicou em Lisboa, Portugal, uma biografia do reformador alemão.

Mais que um personagem do século XVI, literalmente Martinho Lutero foi um homem que abalou o mundo. A Reforma Protestante revolucionou a fé, as artes, a cultura, a educação, a música, a economia e as ciências jurídicas, inaugurando uma era de prosperidade e despertamento espiritual que se difundiu pela Europa até chegar aos países dos outros continentes.

Lutero foi o ápice da Reforma Protestante, mas antes dele, outros, como John Wycliffe e John Huss, já haviam lutado pela causa da Reforma.

Lutero nasceu em Eisleben, Alemanha, em 10 de Novembro de 1483 e faleceu também em Eisleben em 18 de Fevereiro de 1546. Era um dos seis filhos de João e Margarida, um casal de camponeses muito pobres.

Quando completou 18 anos foi para Erfurt, Alemanha, estudar Direito e lá viu pela primeira vez uma Bíblia completa. Em 1505 desistiu do curso de Direito e ingressou no Mosteiro dos Agostinianos. Mesmo entrando para o sacerdócio, a alma de Lutero ainda se inquietava, pois mesmo cumprindo os regramentos e disciplinas que lhe eram outorgados, não encontrou a verdadeira paz com Deus.

Mas, a partir do momento que Lutero começou a ler a Bíblia, sua vida mudou, e “foi na leitura da Bíblia, depois de já ter sido ordenado sacerdote, que Lutero, finalmente, encontrou a resposta para suas inquietações, ao dar com a citação de Paulo na Epístola aos Romanos, 'o justo viverá da fé'. Compreendeu, então, que não seria por meio de suas obras que iria encontrar paz, que iria reconciliar-se com Deus: isso só poderia conseguir pela fé na graça redentora de Jesus Cristo. Feita sua notável descoberta a vida de Lutero se transformou.” (Jornal Batista, nº 45, 6 de Novembro de 1983, p. 1)

Em 31 de Outubro de 1517, a data magna da fé evangélica é inaugurada: Lutero prega suas 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg, na Alemanha, fixando assim esta data como o dia da Reforma Protestante. 

Assim como a Bíblia iluminou os olhos do entendimento espiritual de Lutero, assim o reformador se dedicou a traduzir a Bíblia para a língua de seu povo.

“Quando Lutero começou a tradução da Bíblia, não imaginou que sua obra haveria de unificar a Alemanha linguisticamente. Embora subsistam os vários dialetos, o alemão da Bíblia de Lutero se tornou o primeiro clássico da língua a se tornar oficial e conhecido por todos. Filólogos alemães apontam para a Bíblia de Lutero como sendo o maior evento do século dezesseis, responsável pelo desenvolvimento do idioma alemão como língua nacional. Se o objetivo de Lutero era tornar a Bíblia acessível ao povo, um passo havia sido dado. Entretanto, o povo precisava também ser alfabetizado para tanto. A repercussão que Lutero e seus escritos causaram fez com que houvesse uma disposição e, mesmo, um anseio do povo pela leitura. Por isso, para a continuação de sua obra, era necessário estabelecer um sistema educacional. E esta foi a etapa seguinte de seu trabalho: a educação, especialmente a educação cristã. Neste novo empenho, a Bíblia traduzida se tornou o principal instrumento. A árdua obra de tradução, que tantos anos tomou de sua vida, realizada unicamente por amor a Cristo, nenhuma vantagem financeira lhe trouxe e por cujo trabalho sempre recusou qualquer pagamento. Certamente a única compensação que desejava e por cujo motivo se sacrificara, ele a teve: ver nas mãos do povo a Palavra de Deus sendo lida, comentada, entendida e transformando, como instrumento do Espírito Santo, os corações dos pecadores.” (O Lar Cristão, Editora Concórdia, 1983, p. 62)

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