A chegada da fé evangélica em Canhotinho, Pernambuco

 

 Igreja Presbiteriana de Canhotinho, Pernambuco
Foto: Revista The Missionary Survey, Janeiro de 1916, p. 20

“...o Senhor Caetano Vidal dos Santos, o homem que tornou possível o evangelho entrar em Canhotinho. Foi um garoto pobre e sem escolaridade e nunca conheceu o cuidado de um pai ou o terno carinho de uma mãe, e quando adulto foi um jogador de jogos de azar. Há vinte e dois anos atrás, o Dr. Butler começou o trabalho de abrir ao evangelho o interior do Estado de Pernambuco. Começou em Garanhuns, que ficava no final da ferrovia. Sua primeira intenção era evangelizar cada cidade importante ao longo daquela ferrovia. Depois de estabelecer uma base firme em Garanhuns, decidiu enviar o Sr. Vera Cruz, um obreiro nativo, a Canhotinho, a cidade próxima de maior importância. Butler não sabia que os homens desta cidade, que tinha o Sr. Caetano Vidal como líder, juraram que nunca  deixariam alguém da ‘nova seita’ entrar lá. Um dia, quando estava em sua lavoura de café, o Sr. Caetano ouviu um grande barulho na estação do trem e foi perguntar a causa disto e disseram que um homem da ‘nova seita’ chegou de trem de Garanhuns, e que as pessoas estavam apedrejando ele. ‘Bem, vou correr e atirar a minha pedra também,’ disse ele. E pegando uma grande pedra correu com toda a sua força. Certamente Deus o encontrou no caminho, pois me disse depois que quando chegou à estação, viu um homem idoso sentado com um livro em suas mãos, apenas esperando pacientemente pelo que aconteceria. Seu coração parecia arder em piedade e caminho até o senhor Vera Cruz, disse: ‘Levanta e vem comigo.’ Ele respondeu: ‘Você representa a autoridade deste lugar?’ ‘Não, não represento nada.’ Pobre senhor Vera Cruz, pensando que nada além da violência o esperava, disse em seu coração: ‘Senhor, é hoje?’. Vera Cruz se levantou e o senhor Caetano o levou pela cidade e subiu a colina até sua casa. Uma grande multidão o seguiu com pedras em suas mãos e facas em seus bolsos, esperando ver o que seria feito. Tão logo o senhor Caetano alcançou as porteiras que levavam a seu sítio, puxou o senhor Vera Cruz para dentro, trancou-os, e encarando a multidão encostado à porteira, disse: ‘Homens, este homem é meu convidado e eu o defenderei até quando eu tiver forças, e atrás de mim estão meus cachorros, e além dos meus cachorros estão minhas armas.’ Quando a multidão dispersou, levou o Sr. Vera Cruz  para dentro da sua casa e perguntou para que Vera Cruz estava na cidade e o que realmente veio fazer. Vera Cruz respondeu que veio pregar o Evangelho, as boas novas de salvação. O Sr. Caetano respondeu que se era o que queria fazer, que começasse de uma vez por todas, e pregasse o quanto quisesse. Bem, ele foi pregar, e as pessoas creram. Quando o Dr. Butler foi até a cidade um mês depois, encontrou a casa de um amigo aberta para ele e um pequeno núcleo de crentes prontos a recebê-lo. E o que foi feito do Sr. Caetano? Dois anos depois foi recebido na igreja com sua esposa e filhos, e por vinte anos um defensor firme do evangelho e um amigo muito leal e útil para os missionários...”

Trechos do artigo “O Senhor Caetano Vidal dos Santos” de George W. Butler, publicado no The Missionary Survey, Novembro de 1918, p. 663-664

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