Extraído de: O Mensageiro Luterano, Janeiro/Fevereiro de 1983, p. 42
Em 17 de Abril de 1521, Martinho Lutero (1483-1546) comparece perante a Dieta de Worms. Esta Dieta era composta da nobreza, príncipes, e alto clero.
O Edito de Worms declarou Lutero um fora da lei, bem como seus escritos e aqueles que o apoiassem, mas nenhuma condenação foi posta em prática contra Lutero, ainda que aos príncipes e magistrados foi ordenado que prendessem Lutero. Carlos V não pode aplicar qualquer punição a Lutero, visto que o reformador desfrutava do apoio do povo e o rei temia uma grande revolta se tocasse na vida de Lutero.
“... Lutero, quando entrando em Worms, para a dieta, o general Jorge Freundsberg lhe batera ao ombro: – ‘mongesinho, mongesinho, tens deante de ti um passo e um negocio tais, que nem eu nem muitos capitães temos jamais visto semelhante nas mais sanguinolentas batalhas. Mas, se a tua causa é justa, segue em nome de Deus, e nada temas. Deus não te abandonará.” (A Penna Evangelica, nº 774, 22 de Agosto de 1942, p. 1)
No julgamento de Lutero, “nunca tinha a cidade de Worms testemunhado um espetáculo mais magnífico do que a ocasião em que Lutero apareceu lá. Os deputados de cada parte do Império se reuniram; o jovem Carlos, com apenas 21 anos de idade... o monge de aparência insignificante e pobre, com sua veste marrom, que havia reunido aquela assembléia augusta, estando lá sob a excomunhão do papa para ser examinada sua vida. Ele foi conduzido ao grande salão... Uma pilha de livros foi trazida à corte. Lutero reconheceu que eram de sua autoria, e foi-lhe requerido que se retratasse. Estava nervoso, por mais corajoso que fosse. Então Carlos examinou os livros com curiosidade e esperava uma presença mais imponente, mas a princípio ficou desapontado. Porém, Lutero reuniu firmeza ao prosseguir. Disse que os escritos eram de três tipos: alguns continham verdades claras do Evangelho, das quais não podia se retratar. Outros eram dirigidos contra os cânones e costumes papais que haviam posto em prova as consciências dos homens honestos, e se tornaram instrumentos de fraude e benefício próprio. Quanto a estes, também Lutero não desonraria a si mesmo, retratando-se. O que escrevera sobre estes assuntos era verdade, e ele permaneceu firme pelo que escrevera. Uma terceira sorte de escritos foi escrita no calor do momento, com ataques a certas pessoas particulares, especialmente ao papa... A Dieta foi adiada, e no dia seguinte reuniu-se novamente. Os procedimentos demoraram até o crepúsculo da noite, e o salão foi iluminado com tochas. Lutero permaneceu muitas horas no tribunal sob uma tempestade de questões cruciais e repreensões. Foi advertido de seu destino aparentemente inevitável. Sua mente e sua natureza se elevaram ao nível da cena. Deu suas respostas primeiramente em latim e depois em seu vernacular alemão, que qualquer leigo podia entender. Havia uma dificuldade em condená-lo por heresia formal, pois os pontos que Lutero levantou eram novos, e a doutrina da igreja romana não era clara sobre estes pontos. Por fim, um decreto do Concílio de Constantino foi produzido que parecia atingi-lo, e, o devido processo legal foi todo esquecido, os sacerdotes e seus apoiadores gritavam: ‘Retrate-se! Retrate-se!’. Em claro e bom tom, que ainda ecoa pelos séculos, Lutero respondeu: “Concílios têm errado. Papas têm errado. Provem para mim dentro da Bíblia que estou errado, e eu me submeto. Até que provem que estou errado, a minha consciência me restringe. Não posso agir de outra maneira. [Ich kann nicht nders.]. Deus me ajude. Amém.’ Ich kann nicht Anders – palavras para sempre sacramentadas em cada coração alemão quando o dever chama.” (Artigo Luther at the Diet of Worms de J. A. Froude. The Leader, 6 de Junho de 1896, p. 34)
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