Peregrinando com a Bíblia pelo interior de Goiás

 

Revista South America, nº 23, Março de 1914, p. 253

Relatos do Reverendo Bryce W. Ranken: “No dia 30, juntamente com o Sr. Ricardo, Sr. Chico Carneiro e um novo tropeiro, partimos por volta das sete e meia da manhã para Andorinhas, trinta estranhas milhas de distância, e após uma marcha razoavelmente rápida chegamos ao nosso destino por volta das quatro horas da tarde, tendo sido encontrados a uma pequena distância por alguns irmãos. Eu estava extremamente cansado na chegada, mas uma caneca grande de água quente ajudou a me refrescar um pouco e pudemos ter uma reunião ao ar livre no pátio da fazenda naquela noite. A afeição e hospitalidade do povo em Andorinhas são notáveis... O Sr. Carneiro convidou todos os seus vizinhos de milhas ao redor para o café da manhã do dia seguinte, e muitos aceitaram...Um banquete muito generoso foi providenciado, e depois tivemos uma boa reunião tranquila, em que Ricardo e eu tomamos parte. Alguns tinham obviamente vindo para o café da manhã e não queriam a mensagem, mas a maioria prestou muita atenção no que foi dito. Todos foram instados a permanecer até a noite, e outro convite foi enviado pela vizinhança, de modo que um grande número se reuniu no pátio da fazenda para uma segunda reunião ao ar livre à noite, quando, novamente, maior atenção foi dada à Palavra de Deus. Não pude deixar de sentir que, se uma missão de duas ou três semanas pudesse ser realizada neste lugar, muitos frutos poderiam, sem dúvida, ser colhidos, mas dois dias era o máximo que eu poderia dispor em permanecer ali. No dia 1º de Agosto parti com meu tropeiro para Pouso Alto, e o Sr. Ricardo voltou para Gameleira. Fizemos uma longa marcha de trinta estranhas milhas, e a cerca de seis milhas de nosso destino fomos encontrados pelo Sr. Tavares e três de seu povo, incluindo nosso velho amigo João Chrysostomo, agora um oficial da polícia, que ocorrera de estar posto em serviço no comando do Destacamento Policial de Pouso Alto... Ele tinha duas reuniões para eu participar naquela noite. No dia seguinte, como o nosso salão é muito pequeno, tentamos permissão para o salão da Prefeitura, mas o Magistrado Chefe era muito romanista e não consentiu em dar permissão, então tivemos que arranjar nossa reunião no jardim da casa da Missão, com umas 120 pessoas comparecendo, e entre elas estavam João Chrysostomo e dois de seus soldados. Bem cedo, tivemos um culto de batismo a cerca de uma milha e meia, fora da cidade. A reunião de Domingo ao meio-dia foi pequena, confinada quase que inteiramente aos convertidos, e seguida pela Ceia do Senhor. Mas, a reunião da noite foi novamente muito grande para o tamanho do salão e teve que ser realizada no jardim, quando umas 150 pessoas estiveram presentes. Tivemos muitas dificuldades para encontrar lugares para todos eles e tivemos que enviar grupos de forrageiros para pegar bancos emprestados onde quer que pudessem ser obtidos. Tive uma conversa muito interessante hoje com o Sr. Diógenes, um dos primeiros convertidos do trabalho aqui. Seu pai vivia em Minas, e tinha duas Bíblias em sua casa das quais se orgulhava, mas nunca lia. Seu pai também comprou dois livrinhos de um colportor, os quais Diógenes apreciava muito, e quando deixou seu pai, trouxe-os consigo. Eles constituíam quase toda sua biblioteca e ele os lia com freqüência... Quando veio para Goiás, comprou uma Bíblia de um antigo convertido, agora falecido, e prontamente absorveu seu ensino. Ele morava há muito tempo perto de Pouso Alto e, quando ouviu que os protestantes tinham vindo para lá, veio à cidade em busca de uma instrução mais completa, e então foi conduzido por Tavares ao atual passo de conversão. Toda a sua vida e espírito demonstram uma obra de Deus muito evidente...” 

Trechos do artigo Through our Field in Goyaz de Bryce W. Ranken, Revista South America, nº 23, Março de 1914, p. 252-253.

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