Martinho Lutero: um homem que abalou o mundo

 

Martinho Lutero (1483-1546)

“Martinho Lutero, o grande reformador, nasceu em Eisleben, em 10 de Novembro de 1483. Seu pai era um mineiro de condições humildes, mas com mais sabedoria que a maioria dos homens de sua classe, e um ávido estudante de livros. Sua mãe possuía todas as virtudes de uma mulher boa e piedosa. Sua modéstia, seu temor a Deus e seu espírito de oração foram marcantes. Lutero disse: ‘Meus pais eram muito pobres. Meu pai foi um pobre lenhador, e minha mãe muitas vezes carregava lenha nas costas, para conseguir recursos para criar seus filhos’... Na idade de quatorze anos, Lutero foi enviado para a escola em Magdeburg. Ali ele sofreu grandes privações. ‘Eu costumava’, disse Lutero, ‘implorar junto com meus companheiros um pouco de comida, para saciar a nossa fome’. Mais tarde, Lutero se mudou para Eisenach, onde tinha uma boa escola e tinha muitos parentes. Mesmo ali, quando atingido pela fome, foi compelido a se juntar aos seus colegas de escola cantando de porta em porta para obter um pedaço de pão. Lutero chamou a atenção de Conrado Cotta e sua esposa, que o levou para morar com eles. Nessas circunstâncias mais felizes, fez progressos no aprendizado, especialmente em latim, eloquência e poesia. Na idade de dezoito anos, foi para a Universidade de Erfurt. Foi um estudante zeloso e bem-sucedido e, com seu fervor, invocava a bênção divina sobre seus estudos. Todas as manhãs começava o dia com uma oração. ‘Orar bem’, costumava dizer, ‘é a melhor parte do estudo’. Na biblioteca, Lutero descobriu um exemplar da Bíblia, e leu com grande alegria, e os primeiros vislumbres de uma nova verdade começaram a surgir em sua mente. Por querer de seu pai, pretendia qualificação para a profissão de advogado, mas a morte de um amigo, o sentimento despertado em sua mente por uma grande tempestade, junto com a leitura da Bíblia, o levaram a se dedicar à vida religiosa. Ele se retirou para o convento agostiniano em Erfurt. Seu pai ficou furioso... Ali passou os próximos três anos de sua vida, no estudo da Bíblia e dos agostinianos, e lançou as bases daquelas convicções doutrinárias que deveriam depois despertá-lo e fortalecê-lo em sua luta contra o papado. Em 1507, Lutero foi ordenado sacerdote e, no ano seguinte, mudou-se para Wittenberg. Ele se tornou professor na nova universidade de lá. No início, lecionou sobre dialética e física, mas em 1509 tornou-se um bacharel em Teologia e começou a lecionar sobre as Sagradas Escrituras. Suas palestras causaram uma grande impressão, e o reitor da Universidade disse: ‘Este monge envergonhará todos os doutores. Ele trará uma nova doutrina e reformará toda a igreja, pois ele constrói sobre a Palavra de Cristo, e ninguém no mundo pode resistir ou derrubar essa Palavra’. Além de dar palestras, começou a pregar, e seus sermões alcançaram um público bem maior e produziram uma influência ainda mais poderosa. ‘Suas palavras’, disse Melancthon, ‘nasceram não em seus lábios, mas em sua alma, e tocaram profundamente as almas de todos os que ouviram seus sermões’... No dia 31 de Outubro Lutero pregou 95 teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg... O objetivo geral dessas teses era negar ao papa todo o direito de perdoar pecados... Lutero foi convocado em Roma para responder por suas teses, mas se recusou a ir, então o cardeal Cajetan foi enviado para tratar com ele na Alemanha. Cajetan não entrou em argumentação com o Reformador, mas meramente o chamou para retratar-se. Isto Lutero se recusou a fazer. Nos tratados que Lutero publicou, ele tomou um terreno mais amplo. Atacou não apenas os abusos do papado e sua pretensiosa supremacia, mas também o sistema doutrinal da igreja de Roma. Os eventos mudaram rapidamente: Lutero era em todo lugar o herói do momento. Foi convocado a comparecer perante a Dieta de Worms. Ele resolveu, mesmo tendo recebido salvo-conduto, obedecer à convocação. Sua jornada parecia um triunfo: as ameaças dos inimigos, e os temores de amigos igualmente não o demoveram... Diante da Dieta, demonstrou grande firmeza: ‘A menos que seja convencido’, disse ele, ‘pelas Escrituras e pela razão, não posso nem ouso retratar-me de nada, pois minha consciência é cativa à Palavra de Deus, e não é segura e nem correto para ir contra a consciência... Eu não posso fazer de outra forma. Então, ajude-me, Deus. Amém.’ Ao retornar de Worms, Lutero foi levado à força por seu amigo, o Eleitor da Saxônia, e, para a própria segurança de Lutero, foi enviado para o antigo castelo de Wartburg. Ali permaneceu cerca de um ano, sendo o seu principal emprego, a tradução da Bíblia para a sua língua nativa... A grande obra foi feita: os corações dos homens se voltaram para a Palavra de Deus onde puderam aprender Daquele que é o Caminho, a Verdade e a Vida, e aprender que a graça de Deus é gratuita para todos. Que as chaves do Reino não estão nas mãos do papa ou do sacerdote, e para todo o mundo soa a proclamação: ‘Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus.’” (The Australian Christian Commonwealth, Vol. XXV, nº 1790. Adelaide, Austrália, 09 de Fevereiro de 1923, p. 87)

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