Uma viagem pelo Mato Grosso

 

Um grupo de missionários indo para Mato Grosso

Foto: The Christian Herald, 16 de Dezembro de 1903, p. 1095

“O Sr. Archibald Macintyre que empreendeu uma longa viagem por Minas Gerais para a Sociedade Bíblica Britânica junto com o Sr. Camillo em 1907, foi emprestado a nós pela South American Evangelical Mission para outro trabalho de doze meses em favor de nossa Sociedade. Cerca de cinco anos atrás uma viagem foi feita para Mato Grosso, um dos maiores estados do Brasil e um dos lugares mais distantes do interior, pelo Sr. Glass e pelo Sr. Camillo. Este ano foi combinado que o Sr. Macintyre deveria visitar o mesmo Estado. Ao invés, pois, de cruzar o país, ele pegou um navio a vapor, visitando as cidades ao longo da costa do Brasil, e também vendendo Bíblias nas principais cidades do Rio da Prata... Aqui alguns extratos de suas cartas: a – ‘Encontrei a cidade de Assunção num estado muito atribulado por causa da revolução. Dois dias antes eu cheguei. Uns 200 homens, muitos das melhores famílias do país, foram transportados, e a prisão lá detém mais de 300 homens, cuja maioria é de prisioneiros políticos. Contudo, comecei fazendo uma sondagem pela cidade. O calor era tão grande que não pude sair mais do que três horas por dia. Das onze às três de cada dia todo negócio é parado, as janelas são fechadas, e a cidade inteira fica em silêncio. Na parte dos negócios, entre os bancos, lojas, e armazéns, encontrei muitas pessoas com um forte desejo de possuir a Bíblia completa. Descobri que era mais fácil vender a Bíblia completa ali que Novos Testamentos, e rapidamente dispus do meu estoque inteiro de Bíblias em espanhol. Encontraria mais compradores se tivesse levado mais Bíblias. ‘De Horqueta, no Paraguai, peguei um barco para Porto Murtinho, mas tive que parar num pequeno lugar pelo caminho. Os marinheiros que remavam lançaram em terra minha bagagem na margem do rio, e então me pediram para saltar de uma tábua que eles colocaram uma ponta no final do barco, e a outra ponta estava balançando pra cima e pra baixo a alguma distância da margem. Deu um salto no ar e caí na lama na margem. Tive como companhia um refugiado político. Tudo o que os habitantes das pequenas cabanas da margem do rio puderam nos oferecer foi mate e café. Tomamos um banho no rio enquanto esperávamos uma canoa para nos levar adiante. Quando a noite chegou, enxames de mosquitos nos rodearam por todos os lados como se voassem ao redor de um pote de geléia. Em três horas a canoa chegou. Peguei um remo e resolvi alguns dos meus problemas, e, em meia hora chegamos a Porto Murtinho. Então, acordamos os oficiais da Alfândega que nos fez retirar nossa bagagem da canoa e tomou posse dela até o dia seguinte. Assim tive que reportar ao subdelegado, que me perguntou qual era a minha idade, profissão, e para onde estava indo. Ele foi muito amistoso e disse: ‘Você tem toda liberdade para vender Bíblias e trabalhar aqui... ‘Vem aqui amanhã,’ ele disse, ‘e eu comprarei uma de suas Bíblias.’ Devidamente apareci pela manhã, e o subdelegado comprou a Bíblia mais grande e mais cara que eu tinha. ‘Eu compro’, disse ele, ‘para te ajudar’. Então me perguntou sobre alguns Evangelhos em espanhol para enviar pelo Correio ao interior. Fiz uma sondagem neste lugar um dia, e fiz boas vendas de Bíblias tanto em português quanto em espanhol. É um pequeno lugar pacato, em regra, mas durantes os primeiros três dias da minha estada lá foi uma plenitude de agitação, com uns quinhentos soldados tentando capturar um fora da lei bem conhecido, que está se carregando de uma guerrilha militar com o Governo brasileiro nos arredores de Bela Vista.’ “Em Corumbá, fui levado diante de autoridades por vender Bíblias na rua. Eles pediram para ver minha licença e insistiram num pagamento de 12 libras e 10 centavos. Eu os questionei, pois isso não era costume daquele lugar, então tive que parar de vender Bíblias. As coisas não pareciam claras enquanto eu caminhava de volta para o meu hotel com minha bolsa cheia de Bíblias... depois de descansar um pouco e orar sobre o assunto, resolvi tentar de novo. Voltei para a Prefeitura e pedi para ver o prefeito. Mostrei a ele as minhas Bíblias, e pedi sua permissão para vendê-las. Ele me recebeu muito bem e me deu permissão, então lhe presenteei com um belíssimo Novo Testamento encadernado, pelo qual o prefeito me agradeceu. Depois deste bom começo, fui adiante e tive boas vendas, em poucos dias fui novamente parado pela polícia, que perguntou o meu nome. disse a eles que o prefeito daria o meu nome a eles se fossem perguntá-lo. Então me trataram de um modo mais gentil e me deixaram sozinho.’” (The Hundred & Fifth Report of the British and Foreign Bible Society de 1909, p.399-400)

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