Pastor Arthur Tavares pregando no interior de Goiás

 

Foto: Revista South America, nº 7, Novembro de 1912, p. 158

“... um extrato do registro de um mês normal de trabalho por parte de nosso irmão brasileiro, o irmão Arthur Tavares, nosso pastor nativo em Pouso Alto, Goiás... ‘Era dia 7, o primeiro Domingo do mês, celebrei a Ceia do Senhor no culto matinal. À noite, após a pregação do Evangelho, houve duas conversões, o Sr. Calixto de Oliveira e sua esposa. Quanto a esta última citada, tinha visitado sua casa pouco tempo antes, e depois de exortá-la, orei com ela e fui embora. No mesmo dia, uma de nossas irmãs, dona Jovina, esteve com ela e também a exortou um pouco, quando ela lhe disse: ‘Dona Jovina, o Sr. Arthur esteve aqui hoje, e me explicou as coisas, e quando ele estava orando, eu tremia tanto que quase fui obrigada a me levantar e sentar. Devo me entregar a Jesus, devo ter paz com Deus.’ No dia 8 parti para Corumbaíba, passando a noite no Retiro Alegre, onde temos três irmãos ainda não batizados... Realizei duas reuniões com eles e deixei as irmãs Anna e Luzia, e o irmão Herculano firmes na fé. Que o Senhor os abençoe e os guarde. No dia 9 cheguei à casa do irmão Carneiro, em Andorinhas, onde permaneci no dia seguinte. Ele veio comigo para Corumbaíba. Chegamos a Caldas Novas no dia 10, tendo apenas tempo para desarrear antes que caíssem torrentes de chuva. No dia 11 convidamos as pessoas para atender à pregação do Evangelho na Prefeitura às 10 horas, mas embora a chuva tivesse passado, muito poucos vieram. No mesmo dia chegamos a Marzagão, lugar provavelmente destinado a se tornar mais uma Gameleira, a joia do nosso trabalho interior. Os irmãos lá já estavam nos esperando, e os encontramos alegres no Senhor. Deve ser uma grande alegria para Deus quando os irmãos estão assim, pois é grande alegria para mim. Tivemos duas pregações, com oração incessante e cântico de hinos. Muitos ficaram profundamente impressionados. No dia 12 chegamos a Corumbaíba no final do dia. O irmão Carneiro, que muito confortou meu espírito, veio comigo para fazer dez bancos para a sala de pregação aqui, mas não tivemos a sorte que eu esperava. Três meses antes eu havia encomendado quinze tábuas para ficarem prontas, mas a serraria havia quebrado e estava parada, então tive que dar a ordem a um carpinteiro local para preparar os bancos o mais rápido possível. Os bancos vão nos custar 70 mil réis. Temos nossa pregação em Corumbaíba numa casa que eu aluguei... Fizemos quatro reuniões, e dona Altina Naves foi convertida. Ela pertence a uma família numerosa, e quando começamos o trabalho, ela nos perseguia muito. Ainda hoje seus parentes perseguem Cristo e Sua Igreja. Quando ela veio junto com o irmão Carneiro, outra irmã e eu, para uma sala ao lado, após a reunião, disse: ‘Quero fazer minha profissão de fé agora, mas seria melhor que meu povo não soubesse, pelo menos não até minha mãe chegar de Bagagem.’ Respondi que não podia recebê-la assim, porque o Senhor não a receberia assim. Então ela viu que não podia esconder a luz debaixo do alqueire, mas devia colocar a vela no candelabro para iluminar. Então, na reunião da noite anunciei sua conversão, e que ela havia aceitado o Santo Evangelho. Há outros lá bem despertados agora... No dia 20 acordei meio doente, mas mesmo assim comecei a viagem de volta. Em Marzagão tivemos uma reunião muito abençoada e espiritual para adorar e orar, uma verdadeira preparação para o dia seguinte, quando tivemos duas reuniões. O Sr. José Máximo deu o primeiro passo para se entregar ao Senhor, como também fez uma jovem chamada Maria Estevam. Fiquei muito emocionado com a firme atitude e grande fé desta irmã. Seu marido é um homem mau, mau, que se opôs diabolicamente contra ela aceitar a Cristo. Rufino é o nome dele. O tempo todo nós estivemos lidando com ela, e enquanto ela orava, ele andava agitadamente de um lado para o outro na sala ao lado. Mais tarde, do meu quarto, ouvi a voz dela, firme e confiante dizendo: ‘É Deus que é o Senhor da minha consciência, mesmo que eu morra amanhã’. Permaneci em Marzagão até o dia 24, e antes de partir, chamei Rufino, e o exortei a lançar seus pecados sobre Jesus, e não interferir na vida espiritual de sua esposa, visto que as coisas da eternidade ele não poderia alterar. Ele ouviu com respeito. Fomos direto para Caldas Novas, pois eu ainda estava doente e já estava longe da minha igreja há muito tempo. Aqui um homem chamado Paracanjuba, com quase 100 anos de idade, deu o primeiro passo na fé. No dia 25, parei em Andorinhas e cheguei em casa no dia 26...” (Revista South America, nº 7, Novembro de 1912, p. 158-160)


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