Robert Jermain Thomas: missionário pioneiro na Coreia

 

Robert Jermain Thomas (1840-1866)

O Reverendo Robert Jermain Thomas (1840-1866), era galês, e foi o primeiro missionário evangélico para a Coreia.

“Era o fim da estação chuvosa na Coréia, em 1866. O rio Tai Tong estava cheio com as chuvas. A escuna americana, pilotada pelo General Sherman estava ziguezagueando em seu caminho contra a corrente. Algumas vezes o navio chegou perto da costa, e então um homem no porto arremessou alguns livros de fundo vermelho para as pessoas que estavam olhando. Estes livros eram Bíblias na língua coreana, e o homem que arremessou os livros era Robert Jermain Thomas, um escocês, que pertencia à Sociedade Missionária de Londres. Thomas veio de Hanover, Monmouthshire. Depois de se graduar em New College, viajou para Shangai em 1863. Um grande pesar veio a ele no início de sua vida na China: sua esposa faleceu, e, abalado pelo choque, por um tempo desistiu de seu trabalho na Missão, e foi viver em Chefoo. Enquanto este lá, visitou a Coreia, e distribuiu cópias das Escrituras, e fez muitos amigos. Em 1866 retornou à Sociedade Missionária e encarregou-se da Escola em Pequim. Mas, ele nunca esquecera seus amigos na Coreia, e quando uma oportunidade veio, aproveitou a chance de fazer outra viagem para aquela terra. Houve coisas terríveis na Coreia: missionários franceses foram assassinados, e os cristão, poucos naqueles dias, eram perseguidos. Thomas, que tinha amor por aventura, determinou-se a retornar à Coreia, e quando o General Sherman navegou, ele navegou junto, atuando como guia... Quando a escuna alcançou um ponto pouco acima da ilha de Sook Syum, ancorou, e o proprietário do navio com um intérprete desembarcaram em terra firme, desembarcando perto do pavilhão onde o governador estava esperando. Para o governador, o proprietário do navio e o intérprete tiveram que relatar suas intenções. Tiveram que relatar por meio da escrita chinesa. O proprietário do navio disse que tinha vindo para fazer comércio e explorar o rio. Uma licença foi dada a ele sob certas condições... O governador começou o retorno para sua cidade. O comandante dos soldados coreanos decidiu sair e foi ao navio prestar homenagem ao proprietário. Quando, porém, veio até o General Sherman, tratou-o com pouca cortesia. Um dos homens pediu para ver a vara de bambu rachada que o General carregava. Era realmente a insígnia de seu ofício, e, sem ela, ele perderia seu ofício. O marinheiro não quis entregá-la e, por causa dessa ação, sobreveio uma luta terrível. Foi o resultado da tolice e estupidez do estrangeiro, que não percebeu o que a vara significava... A luta entre a escuna e as tropas em terra durou mais de quinze dias. Vinte ou trinta coreanos foram mortos e um grande número ficou ferido. Enquanto isso, o nível do rio vinha caindo sem parar, e logo o navio encalhou. Ao final das duas semanas, a escuna estava irremediavelmente atolada e os marinheiros decidiram que era hora de tentar fazer as pazes. Mandaram um homem com o intérprete desembarcar do barco, embora a essa altura a água estivesse já na metade ao redor do navio, para devolver a vara de bambu ao comandante e pedir desculpas pelo que haviam feito. Quando chegaram à praia, foram presos e levados ao governador, a quem devolveram o bambu e pediram desculpas por sua conduta. O governador ordenou que fossem amarrados com o cordão vermelho que era usado em criminosos, mas os homens eram tão fortes que romperam suas amarras, de modo que tiveram que amarrá-los finalmente com correntes. O governador então lhes disse que os perdoaria se todos os homens desembarcassem para se desculpar. Ele ordenou que enviassem uma nota ao navio informando seus termos. Os homens protestaram contra serem amarrados e o governador realmente os perdoou, mas explicou que era costume coreano que os prisioneiros pedissem desculpas enquanto ainda estivessem amarrados, mas que depois os libertaria. Eles escreveram algo no papel e um encarregado levou ao navio. Imediatamente o navio abriu fogo, vários na multidão ficaram feridos. O governador ficou furioso com a traição dos homens e ordenou que fossem mortos diante dele. Os coreanos então decidiram tentar queimar o navio. Um grande barco fluvial foi carregado com galhos de pinheiro, incendiado e levado por cordas, foi lançado contra o General Sherman que foi incendiado... Quando os vinte e dois homens restantes no navio viram que o mesmo estava condenado, a maioria deles pulou na água e caminhou até a praia. No caminho foram recebidos por soldados com espadas e lanças, e nenhum escapou do massacre. Alguns foram mortos na água, outros na praia, e ao menos um se recusou a pular na água e pereceu nas chamas. Quando Thomas viu que toda a esperança se esvaiu, jogou seu estoque restante de Bíblias entre os coreanos e, com uma ou duas últimas cópias em suas mãos, pulou na água e caminhou até a praia. Ele foi recebido por um soldado que se prontificou a matá-lo. Thomas estendeu a Bíblia e pediu ao coreano que a pegasse. Ele recusou, e Thomas, ajoelhado na areia, juntou as mãos e fechou os olhos numa última oração. Então, abrindo os olhos, sorriu para o soldado e novamente o incitou a pegar a Bíblia. O soldado, que estava tentando reunir coragem para matar o homem ajoelhado, finalmente endureceu seu coração e o matou. Ele sentiu que havia matado um homem bom, como disse depois à sua família, então pegou a Bíblia que o falecido havia deixado cair e a levou para sua casa. Havia um menino de doze anos na época que conseguiu três cópias das Bíblias que foram jogadas em terra. Ele as levou para casa... O menino é atualmente um ancião numa Igreja Presbiteriana em Pyeng Yang. E a terra nas praias na qual Thomas morreu é uma terra com uma igreja viva e crescente.” (The Chronicle of the London Missionary Society, Dezembro de 1927, p. 267-268)

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