A pregadora metodista Jarena Lee (1783-1864)

 

Foto: Religious experience and journal of Mrs. Jarena Lee, 1849, s. p.

Jarena Lee (1783-1864) era descendente de escravos, nascida livre, que se tornou pregadora evangélica metodista. Desafiou as barreiras sociais do tempo em que viveu. Jarena narrou assim um pouco de sua vida: “Nasci em 11 de Fevereiro de 1783, em Cape May, Estado de Nova Jersey. Com a idade de sete anos me apartei de meus pais e fui trabalhar como empregada doméstica, na casa do Sr. Sharp, cerca de sessenta milhas do local do meu nascimento.” (Religious experience and journal of Mrs. Jarena Lee, giving an account of her call to preach the Gospel, 1849, p. 3). 

Certo dia, num culto à tarde, foi à Igreja Metodista Episcopal Africana na Filadélfia, Pensilvânia, e o pregador fora o Reverendo Richard Allen. “Três semanas a partir daquele dia, minha alma foi gloriosamente convertida a Deus...” (Religious experience and journal of Mrs. Jarena Lee, giving an account of her call to preach the Gospel, 1849, p. 5)

Sobre seu chamado, Jarena Lee testemunhou: “... para minha total surpresa, pareceu soar uma voz que pensei ter ouvido distintamente, e certamente entendido, que me disse: ‘Vá, pregue o Evangelho!’ Imediatamente respondi em voz alta: ‘Ninguém vai acreditar em mim’. Novamente ouvi, e novamente a mesma voz parecia dizer: ‘Pregue o Evangelho. Eu colocarei palavras em sua boca e transformarei seus inimigos em seus amigos’...” (Religious experience and journal of Mrs. Jarena Lee, giving an account of her call to preach the Gospel, 1849, p. 10)

Em 1811, Jarena se casou com o pastor Joseph Lee, que pastoreava em Snow Hill, que ficava a uma distância de 60 milhas de Filadélfia. Ele faleceu após seis anos de casamento com Jarena.

A primeira pregação de Jarena se deu assim: “...o Rev. Richard Williams deveria pregar na Igreja Betel, onde eu e outros estávamos reunidos. Ele entrou no púlpito, indicou o hino para ser cantado... pegou seu texto, passou pelo exórdio e começou a expô-lo. O texto que ele pregou está em Jonas capítulo 2, versículo 9: ‘Do Senhor vem a salvação.’ Mas quando passou a explicar, parecia ter perdido o espírito. Então, no mesmo instante, saltei, como por impulso totalmente sobrenatural, de pé, quando fui ajudada pelo alto, para dar uma exortação sobre o próprio texto que meu irmão Williams havia tomado. Eu disse a eles que eu era como Jonas, pois fazia quase oito anos desde que o Senhor me chamou para pregar seu Evangelho... mas.. demorei para em cumprir ordem do Senhor, e advertir aqueles que são tão profundamente culpados quanto o povo de Nínive. Durante a exortação, Deus manifestou Seu poder de maneira suficiente para mostrar ao mundo que fui chamada para trabalhar de acordo com minha capacidade e a graça que me foi dada, na vinha do Bom Lavrador. Sentei-me então, mal sabendo o que tinha feito, assustada. Imaginei que, por esse gesto indecoroso, como temia ser chamado, eu seria expulsa da igreja. Mas, em vez disso, o Bispo levantou-se na assembleia e relatou que eu o havia visitado oito anos antes, pedindo permissão para pregar, e que ele havia me dispensado, mas que, ele agora acreditava tanto que eu fui chamada para aquele trabalho, quanto qualquer um dos pregadores presentes. Essas observações me fortaleceram grandemente, de modo que meus medos de ter cometido uma ofensa e me tornado responsável como ofensora diminuíram, dando lugar a uma doce serenidade, uma santa alegria de um tipo peculiar, até então intocada em meu coração. No Sábado seguinte, enquanto estava meditando na Palavra do Evangelho, senti-me impelida a tentar falar ao povo de maneira pública, mas não consegui fazer com que minha mente aceitar tentar fazer isso na igreja. Eu disse: ‘Senhor, em qualquer lugar menos aqui. Assim, não muito longe havia uma casa que me foi indicada para pregar e eu fui. Era a casa de uma irmã pertencente à mesma sociedade que eu. O nome dela era Anderson. Eu disse a ela que tinha vindo fazer uma reunião em sua casa, e se ela poderia chamar seus vizinhos. A este pedido, ela imediatamente atendeu. Minha congregação consistia de apenas cinco pessoas. Comecei lendo e cantando um hino... Abri a Bíblia... no Salmo 141, fixando meus olhos no terceiro versículo, que diz: ‘Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios.’ Meus sermão foi aplicado inteiramente a mim mesma, e acrescentou uma exortação. Duas pessoas da minha congregação choraram muito, como fruto do meu trabalho desta vez. Para encerrar, disse aos poucos que, se alguém abrisse uma porta, eu faria uma reunião na noite de Sexta-Feira, quando um respondeu que sua casa estava a meu dispor. Assim eu fui, e Deus manifestou seu poder entre o povo.” (Religious experience and journal of Mrs. Jarena Lee, giving an account of her call to preach the Gospel, 1849, p. 17-18)

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