Expedição evangelística no Estado da Bahia

 

“Escrevendo na revista The Neglected Continent, F. C. Glass narra algumas experiências e incidentes numa recente expedição evangelística no Estado da Bahia, Brasil. Seguem alguns parágrafos selecionados: ‘Nenhuma parte do Brasil foi tão negligenciada pelos mensageiros do Evangelho, e há apenas meia dúzia de missionários e um punhado de trabalhadores nativos para uma população de 4.000.000 de almas ou mais! Logo todos os nossos problemas começaram. Descobrimos que, devido às chuvas e inundações extraordinariamente fortes, as estradas e trilhas haviam sido varridas, e não havia nenhum tipo de tráfego nos últimos seis meses. O que poderíamos fazer? Simplesmente não podíamos voltar para trás, mesmo que quiséssemos, pois havíamos passado por muitos buracos. Nosso programa em grande parte era: passar pela lama de dia e reuniões nos ranchos à noite. Por volta do terceiro dia ao anoitecer, enquanto procurávamos um lugar decente para acampar, caímos num péssimo lamaçal pela quarta vez naquele dia e logo fomos sitiados por enxames de mosquitos sedentos de sangue. Multidões dos compatriotas curiosos rapidamente se reuniram em volta para desfrutar de uma exibição incomum, sem oferecer ajuda. Lutamos em vão; era um lamaçal muito ruim, e afundamos nele cada vez mais. O cenário era sombrio. De repente gritei para os espectadores: ‘Cinco mil réis para nos tirarem’, então saímos num instante! No começo da viagem tivemos que atravessar o grande Rio São Francisco perto de sua foz, com nosso carro perigosamente empoleirado navegando em duas canoas. Uma semana depois, parecia que seríamos arrastados ao tentar atravessar um rio largo e muito rápido, mas um pouco de engenhosidade com o carburador acabou de salvar essa situação. Às vezes tínhamos que abrir caminho através de densas matas de três metros de altura, sem nenhum caminho à vista por milhas. Tivemos que atravessar uma grande ponte (que nenhum nativo ousa atravessar a pé) com um carro carregado! Nem isso foi tão ruim quanto alguns outros, onde os estribos de cinco polegadas não centralizavam bem com nossas rodas! Nossa picareta, pé-de-cabra, enxada e facões dariam um belo parque em qualquer outro lugar. Depois de um dia realmente terrível, finalmente nos deparamos com tais dificuldades que, para nos livrarmos, fomos obrigados a cortar várias cercas de arame e avançar por uma grande plantação de açúcar em pleno crescimento da cana, e mais lama! O dono da fazenda, um coronel bastante bucólico e de rosto vermelho, soube dessa invasão inusitada com grande raiva. Depois de uma luta desesperada, caminhei na frente para me apresentar em um estado deplorável de exaustão lamacenta para pedir um pouco de comida, pois não tínhamos nada desde o início da manhã. O coronel me recebeu com considerável aspereza, para dizer no mínimo. Isso não era surpreendente e a situação parecia muito ameaçadora, até que mencionei minha nacionalidade. ‘Inglês...!’ ‘Ah...!’, foi tudo o que ele disse. Mas, enviou vinte homens para nos ajudar a sair do lamaçal. Logo nos tornamos os melhores amigos, e que jantar ele nos serviu aquela noite! Mas as compensações foram de longe as melhores, especialmente quando muitas vezes se via pessoas lendo publicamente as Bíblias compradas na porta da frente de suas casas. No final de uma grande reunião ao ar livre numa pequena cidade do interior, um homem veio até nós trazendo uma emoção visível e disse: ‘Senhores, esperei ouvir isso toda a minha vida e, finalmente, entendi.’” (Moody Monthly, Junho de 1934, p. 463)

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