Augusto Bello: um colportor cego

 


O periódico adventista The Youth’s Instructor, de 24 de Junho de 1924, p. 13, traz um pequeno artigo do missionário e colportor Frederick Charles Glass falando sobre um colportor cego chamado Augusto Bello. “Augusto Bello é o único colportor cego que conheço no Brasil... Ele tem cerca de vinte e quatro anos de idade, é alto e magro. É interessante observar sua face enquanto ele conta o que Deus operou por meio de sua frágil instrumentalidade. Ele é bom para conversar, mas sua conversa é quase sempre sobre coisas do reino. Ele é um pregador fluente e uma força para o bem no Brasil. Recebi muitas cartas de diferentes partes do país, agradecendo-me por enviar-lhe lá, e me falando de bênçãos trazidas para centenas de pessoas. Augusto perdeu a visão ainda muito jovem, ao usar um remédio forte e duvidoso para curar um pequeno problema nos olhos. Ele foi então obrigado a ganhar a vida mendigando de cidade em cidade. Alguns anos depois eu o conheci e o encorajei a assistir à pregação do Evangelho, e cerca de um ano depois ele se converteu e foi batizado, apesar da grande oposição de seus parentes. Consegui então um aparelho Braille para ele, e um Evangelho de João, e, sem ajuda, aprendeu sozinho a ler. Ele agora lê e escreve bem, para grande espanto das pessoas, que acham que isso é uma espécie de milagre. Pouco a pouco tenho confiado a ele a venda de Bíblias, e o envio em pequenas jornadas, com um rapaz para guiá-lo. Ele geralmente viaja a pé de casa em casa, e de vila em vila. Lendo o seu Evangelho de João em Braille, em voz alta, logo reúne uma multidão ao seu redor... e então ele oferece suas Bíblias para venda ou prega ao povo. Acho-o bastante capaz de ensinar Braille a outros, mas sua maior chance de utilidade é seu trabalho atual com a Palavra. Ele é um grande pregador. Deus tem usado seu testemunho para levar muitos ao conhecimento da verdade. Eu arrisquei ouvi-lo falar recentemente, e me senti profundamente comovido enquanto assistia e ouvia. Ele pregou sobre a história do cego de nascença e a usou para ilustrar sua própria experiência num estilo muito rústico, rude, mas muito revelador, que prendeu a atenção de seus ouvintes. Como colportor, apesar de sua grande deficiência, vende tantas Bíblias quanto alguns colportores comuns, e mostra grande paciência e perseverança no trabalho. Ele está sempre procurando visitar campos novos e intocados, e não hesita em nada, por mais difícil que seja o trabalho, por mais distante que seja. Suas vendas de Bíblias são muito boas... Em 1921, Bello dispôs nada menos que 225 Bíblias, 440 Novos Testamentos e 1.900 Evangelhos.”

Comentários