O missionário batista Adoniram Judson (1788-1850) e sua esposa Ana Hasseltine Judson (1789-1826) chegaram à cidade de Rangoon, na Birmânia, atual país de Myanmar, em 1813. Eles foram os primeiros americanos a serem missionários no Oriente. Um fato interessante aconteceu com a missionária Ana Hasseltine e a preservação do manuscrito do Novo Testamento traduzido por seu marido para o birmanês, um trabalho que levou muitos anos.
Quando em 1824 a guerra se levantou entre a Inglaterra e a Birmânia, oficiais birmaneses levaram o missionário Adoniram Judson preso sob a acusação de que ele era um colaborador do governo inglês, e enviava informações para os ingleses. A casa em que moravam os missionários estava sob estrita vigilância, e Ana Hasseltine, agindo com sabedoria, enterrou o manuscrito do Novo Testamento para que as autoridades birmanesas não o descobrisse. Quando desenterrou o manuscrito, as páginas já estavam mofando e cheia de umidade, por causa das pesadas chuvas que caiu naquele lugar. Então, teve a ideia de fazer um macio travesseiro e levá-lo para seu marido na prisão. Ela enrolou o manuscrito num rolo de algodão, coseu bem o pano de revestimento do travesseiro, e na manhã seguinte foi até a prisão, e disse em voz alta para que os carcereiros escutassem a conversa dela com o marido: “Aqui está um travesseiro para que você possa dormir com mais conforto”. Depois sussurrou para seu esposo: “Seu manuscrito do Novo Testamento está dentro do travesseiro!”.
“Nove meses depois, Adoniram Judson foi transferido para uma prisão do interior, e lhe disseram que, ele, com cem outros prisioneiros ficariam presos na mesma vara de bambu, e que ele seria ser morto antes do amanhecer. Durante aquela noite terrível, Judson passou muito tempo em oração angustiado pela segurança daquele travesseiro que havia sido levado pelo carcereiro da prisão para uso pessoal do próprio carcereiro. Mais uma vez, Ana Judson teve a ideia de preservar o valioso Livro: trouxe para o carcereiro um travesseiro melhor e mais macio, e o convenceu a trocá-lo pelo antigo. Judson não foi condenado à morte, mas foi levado para outra prisão. O travesseiro que sua esposa recuperou do carcereiro foi com ele. Um dos novos carcereiros pegou o travesseiro dele e o rasgou. Este carcereiro guardou a cobertura de pano, mas jogou fora o rolo de algodão como algo inútil. Do lado de fora do muro da prisão, um cristão local caminhava. Ele tropeçou em alguma coisa, olhou para baixo e viu o rolo de algodão. Seus olhos se arregalaram quando reconheceu o rolo de algodão como pertencente a seu amigo, o amado missionário. Cuidadosamente, ele pegou o rolo de algodão e o levou para casa, valorizando-o, não pelo manuscrito, pois não sabia o que estava escondido no rolo de algodão, mas como uma relíquia de seu mestre preso. Meses depois o manuscrito foi descoberto ainda intacto no rolo de algodão. No final da guerra, este Novo Testamento foi impresso e, em 1834, toda a Bíblia foi traduzida para a língua birmanesa.” (The War Cry, 30 de Agosto de 1958, p. 15)
“Em 31 de Janeiro de 1834, o Sr. Judson completou a Bíblia birmanesa. Sete anos mais foram gastos na revisão da primeira tradução, e, em 24 de Outubro de 1840, as últimas páginas da edição revisada foram enviadas para a tipografia.” (New York Tribune Illustrated Supplement, 16 de Janeiro de 1898, p. 2)
Ana Hasseltine não viveu para ver a Bíblia toda traduzida para o amado povo da Birmânia, mas contribuiu de maneira singular para que a Palavra de Deus fosse posta em circulação naquele País. Ela faleceu em 1826 após contrair uma febre muito forte, e foi sepultada em Amherst.
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