Relatos de Frederick Charles Glass: “Nos rios Japurá, no Brasil, e no baixo Caquetá colombiano, existem hoje muito poucas famílias, que, de fato, não possuem uma cópia da Bíblia em espanhol ou português... No posto de fronteira brasileiro de Jatuarana, agora conhecido como Foz de Apapóris, a 2.000 milhas da foz do Amazonas, passei seis dias entre cerca de uma dúzia de oficiais e marinheiros que representam sua nação naquela região tão desolada e remota... No nosso grupo tínhamos uma pequena caixa gramofone de caixa, que ajudou consideravelmente a aliviar o terrível silêncio e a solidão da existência no Alto Amazonas, assim, na primeira noite de nossa chegada, liguei o gramofone, o que foi uma grande novidade naquelas partes, e rapidamente reuniu-se ao redor toda a população disponível, e alguns vizinhos do outro lado do rio, uma milha e meia de largura neste local, que por acaso chegaram. Terminando com o ‘Largo’ de Handel e o ‘Hallelujah Chorus’, comentei, em tom casual, que tinha um livro muito interessante no bolso e, com a permissão deles, leria um trecho para eles. ‘Pois não!’, exclamaram, e li para eles a história do Filho Pródigo, acompanhada de uma breve explicação que foi seguida com muita calma. Na noite seguinte, repeti a mesma manobra, e tivemos um ou dois hinos no gramofone, enquanto eu cantava o mesmo para eles em português, e então mais uma vez peguei meu livro e abri as Escrituras. Na terceira noite, já estavam acostumados com minha voz e pareciam esquecer minha presença em seu interesse pelo que ouviam. Outro marinheiro chamado Antão estava, possivelmente, ainda mais profundamente convencido, e quando ofereci a todos uma cópia da Bíblia, Antão começou a ler sua Bíblia na mesma hora e em voz alta, para que pudesse ser ouvido por quase toda a vila. Deitado em minha rede numa casa vizinha, pude acompanhar sua leitura distintamente. Este mesmo homem vai agora fundar ali uma escola para os seus companheiros que querem aprender a ler pelo Evangelho. Um destes últimos é um belo jovem índio miranha chamado Claudino, com cuja ajuda pude compilar um vocabulário bastante amplo e útil desse dialeto.” (Revista South America, nº 16, Agosto de 1913, p. 84)
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