A Reforma Protestante ocorrida no décimo sexto século foi um marco com influência atemporal na história da humanidade. A Reforma Protestante antecede a Revolução Industrial (1750) e antecede a Revolução Francesa (1789).
Embora Martinho Lutero (1483-1546) fora o personagem central da Reforma Protestante, séculos antes dele houve aqueles que lutaram pelo Direito de Consciência, e pelo direito de se ter a Bíblia posta na mão do povo em seu idioma local. John Wycliffe (1328-1384), conhecido como a Estrela da Manhã da Reforma, ensinou que somente a Bíblia é a regra de fé e prática de um cristão.
O tempo passou, então, as ideias de Wycliffe criaram abrigo no coração de John Huss (1369-1415), e essas ideias eram: adotar só as Escrituras ao invés das ideias do sacerdote, traduzir a Bíblia no idioma nacional.
John Huss leu os escritos de Wycliffe em público, perante os que compareciam à sua congregação e perante os alunos da Universidade. Numa forma de retaliação a Huss, o arcebispo pediu que todos os livros de Wycliffe que existissem na Universidade de Praga fossem queimados.
A agitação das pregações de Huss chegou ao Papa, e o pontífice excomungou John Huss via bula papal. Alguns amigos do reformador tentaram convencê-lo de parar de escrever e parar suas pregações. Huss não atendeu e logo veio uma ordem para que comparecesse perante o Concílio do clero na cidade de Constança.
John Huss foi à Constança. O Imperador Sigismundo lhe concedeu salvo-conduto (hoje, habeas corpus preventivo) garantindo-lhe proteção, mas sem a presença do Imperador e sem o Concílio ter-se instalado, Huss compareceu à audiência na data marcada, e caiu numa armadilha. Ali foi detido e aprisionado. O Imperador ficou do lado dos cardeais e não fez valer a sua ordem de salvo-conduto a Huss. Os cardeais transferiram secretamente o prisioneiro para um mosteiro dominicano, para que Huss ficasse longe do povo. Devido às condições da prisão, Huss ficou doente e mesmo assim teve que se preparar para o seu julgamento. O Concílio lhe negou um advogado de defesa. A sentença de Huss foi a morte. Ele foi queimado numa fogueira em 1415.
Antes de ser sentenciado à morte, John Huss escreveu numa carta que “pássaros mais fortes do que ele surgiriam para continuar o seu trabalho”. A esperança foi concretizada em Martinho Lutero (1483-1546).
Em 31 de Outubro de 1517 Lutero pregou as 95 teses na porta da igreja do Castelo Wittenberg, na Alemanha, fixando para sempre esta data como o dia da Reforma Protestante. Naquele momento Lutero inaugurava um dos maiores eventos da história humana.
A vida de Lutero foi repleta de desafios após 31 de Outubro de 1517. Em 26 de Março de 1521 Martinho Lutero recebe em Wittemberg uma citação e um salvo-conduto para comparecer à Dieta (Assembleia política) instalada em Worms. Ali parecia que Lutero teria o mesmo destino de John Huss que fora entregue ao poder secular, condenado à morte, sem ao menos ter direito a um advogado de defesa perante o Concílio de Constança.
A situação de Lutero em Worms era tão dramática que o general Jorge Freundsberg, disse ao reformador quando adentrava ao julgamento da Dieta de Worms: “... mongesinho, mongesinho, tens deante de ti um passo e um negocio tais, que nem eu nem muitos capitães temos jamais visto semelhante nas mais sanguinolentas batalhas. Mas, se a tua causa é justa, segue em nome de Deus, e nada temas. Deus não te abandonará.” (A Penna Evangelica, nº 774, 22 de Agosto de 1942, p. 1)
Martinho Lutero quando “... intimado a retratar-se, proferiu, perante o Imperador e os altos dignitários do Império, eloquente discurso, terminando com estas célebres palavras: ‘Refutai-me, pois, e convencei-me pelo testemunho das Santas Escrituras, em argumentos claríssimos, do contrario não posso e não quero retratar-me, pois não é seguro nem prudente agir contra a consciência. ’” (PEREIRA, Eduardo Carlos. O Problema Religioso da América Latina: Empresa Editora Brasileira, 1920, p. 29-30).
Lutero não se retratou de seus escritos e de suas ideias, e após se retirar do julgamento, a sentença foi prolatada e esta sentença declarou Martinho Lutero um fora da lei, permitia que qualquer um pudesse tirar a vida de Lutero sem sofrer consequências penais, além de permitir que qualquer juiz, independente de sua jurisdição, decretasse a prisão de Lutero em qualquer parte que o reformador fosse encontrado. Pela graça de Deus, esta sentença nunca foi cumprida.
Frederico da Saxônia, que foi o primeiro príncipe protestante da Alemanha estava presente no momento da leitura da sentença, e ordenou aos seus soldados que encontrassem Lutero e o levasse para seu castelo em Wartburgo.
Lutero então foi raptado e levado para o castelo de Wartburgo, onde traduziu a Bíblia para o alemão. Desde que a tradução de Lutero saiu do prelo, ela se tornou um sucesso de vendas na Alemanha. “Durante a vida de Lutero mais de 100.000 cópias de sua Bíblia foram impressas e vendidas. Mas, o próprio Lutero nunca recebeu ou aceitou um centavo de remuneração pelos seus trabalhos.” (Revista Bible Society Record, Julho de 1917, p. 130)
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