Pedro Felix Alves
O missionário inglês Frederick Charles Glass (1871-1960), além de colportor, dedicava tempo à evangelização dos prisioneiros. Numa visita a uma cadeia de Goiás, se deparou com o prisioneiro Pedro Felix Alves, cuja história de conversão foi rememorada na Revista Bible Society Record, edição de Março de 1944, p. 42-43: “Pedro era um prisioneiro numa sombria prisão brasileira. Por cerca de dez anos ele fora arrastado para uma existência lastimável. Ele tinha sido sentenciado a trinta anos de prisão, e ainda tinha que cumprir vinte anos... Um dia, algo aconteceu que mudou a vida inteira de Pedro. Um missionário inglês passava pelo pátio da prisão. Foi dado permissão ao missionário para distribuir folhetos e outras literaturas aos prisioneiros através das pequenas janelas com barras de suas celas. Enquanto o missionário entregava a literatura, Pedro veio até às barras da janela e perguntou: ‘Você tem uma Bíblia que possa me dar?’. Como Pedro não sabia ler, ele sentia que se alguém desse um livro a ele, ele poderia, de algum modo, aprender a ler sozinho... O missionário ficou feliz em encontrar um homem que realmente queria uma Bíblia. Então, em sua próxima visita à prisão, ele trouxe uma Bíblia para Pedro. Pedro, de uma vez por todas, iniciou-se na tarefa de aprender a ler este tesouro. Ele teve um progresso muito lento, enquanto aprendia a soletrar cada palavra uma vez após outra... devagarzinho ele completou a tarefa que se determinara a fazer. Ele se debruçou sobre seu precioso livro dia após dia. Quando aprendeu a ler bem o suficiente para entender o que o livro queria dizer, ele foi dominado pelo conteúdo do livro. ‘O que?’, disse a si mesmo, ‘este livro me diz que eu sou um pecador condenado à vista de Deus.’ Quando ele leu mais adiante, ele exclamou: ‘O próprio filho de Deus, Jesus Cristo, morreu por mim na cruz!’... Pedro aceitou seu Salvador... Após vários anos, o missionário inglês veio de novo àquela cidade onde Pedro ainda estava na prisão. Desta vez, o missionário enviou alguns de seus ajudantes à prisão com folhetos para os prisioneiros. Quando os ajudantes retornaram, disseram: ‘Encontramos um prisioneiro que tem uma Bíblia. Ele falou conosco de modo muito claro, e ele pode ser um cristão.’ Então o missionário lembrou-se de Pedro, o homem a quem ele deu uma Bíblia. Ele foi rápido para a cadeia, e pediu permissão para falar com o prisioneiro. O missionário foi levado a uma janela com barras da cela suja onde Pedro vivia por mais de quinze anos... Quando Pedro ouviu seu nome sendo chamado, foi até a pequena janela. E quando ele viu o homem que lhe deu sua preciosa Bíblia, ele estendeu suas mãos pelas barras da janela para agradecer o missionário pelo precioso presente que lhe dera... Quando chegou a hora do missionário ir, Pedro suplicou que viesse novamente.. O missionário veio sempre que possível. No fim do mês ele veio pagar sua visita de despedida ao prisioneiro. O missionário encontrou-o desanimado e muito preocupado. ‘Qual é o problema, Pedro?’, ele perguntou... Pedro respondeu: ‘Estou triste por duas razões: triste porque você vai embora, e eu não vou te ver mais. Mas, o que está me preocupando mais, é que eu quero ser batizado antes que você vá... O missionário tentou explicar a ele que tinha o receio que isto fosse impossível, pois as autoridades não o deixariam entrar em sua cela. Pedro ficou desconsolado... Poucas horas depois, quando o missionário fazia suas preparações finais para partir no dia seguinte, um soldado da prisão trouxe a ele um bilhete de Pedro. Neste bilhete Pedro escreveu ao missionário que o carcereiro chefe selecionara dois prisioneiros para ajudar a levar o lixo da prisão até o rio, às seis horas da manhã seguinte, e que ele era um dos homens escolhidos para esta tarefa... se o missionário arrumasse uma maneira de estar lá naquela hora... ele poderia ser batizado. Na manhã seguinte... o missionário estava lá esperando, e os soldados que acompanhavam os prisioneiros permitiram que o missionário batizasse Pedro na beira do rio... Os soldados ficaram tão impressionados, que depois, quatro dos cinco soldados que acompanharam Pedro ao rio, se tornaram cristãos...”
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