A Dieta de Worms

 

                                    Martinho Lutero (1483-1546)

Em 26 de Março de 1521, Martinho Lutero (1483-1546) recebe uma citação e um salvo-conduto (habeas corpus preventivo) a fim de comparecer num julgamento perante a Dieta (Assembleia política alemã) de Worms. 

No ano de 1519, Lutero debateu sobre a autoridade do Papa com Eck em Leipsic, e defendeu a posição de que a única autoridade sobre a consciência do ser humano é a Palavra de Deus. 

“Em 1520, o Papa emitiu uma bula ou decreto pedindo a Lutero que se retratasse dentro de sessenta dias sob pena de excomunhão. Em vez disso, Lutero queimou o decreto publicamente numa fogueira do lado de fora dos muros de Wittenberg. A excomunhão do Papa ocorreu em 1521. Esta bula proibiu os fiéis de dar abrigo a Lutero e conclamou as autoridades civis a executá-lo. Lutero apelou ao Imperador por uma comissão imparcial para investigar suas alegações. Por razões políticas, o Imperador atrasou a execução da excomunhão do Papa contra Lutero e finalmente o convocou para comparecer perante a Dieta realizada em Worms.” (Luther at Worms. The Lutheran Bureau of the National Lutheran Council, 1921, p. 11-12)

Em 17 de Abril de 1521, Lutero se faz presente à Dieta de Worms. Uma pilha de livros foi colocada diante de Lutero, e o Imperador Carlos V queria que ele se retratasse do que escrevera para que não houvesse condenação. Os livros podem ser classificados em três tipos: livros que versavam sobre verdades claras do Evangelho; livros dirigidos contra os cânones e costumes papais; livros com ataques a certas pessoas particulares, especialmente ao papa.

A fama do conteúdo dos livros de Lutero havia corrido, e, a cidade de Worms ficou lotada de pessoas curiosas pelo desfecho que haveria de ser dado ao homem que desafiara o poder político e religioso da igreja papal. A curiosidade em relação a Lutero também era pelo fato do Imperador Carlos V ter dado a ele um salvo-conduto fato este que se parecia muito com o ocorrido com John Huss (1369-1415), que foi levado a julgamento perante o poder secular, por ensinar doutrinas de John Wycliffe (1328-1384), o homem que ensinou que somente a Bíblia é a regra de fé e prática de um cristão. John Huss recebeu um salvo-conduto do Imperador Sigismundo, e, à o próprio Imperador Sigismundo quis convencer Huss a retroceder em suas ideias e assinar uma retração de suas pregações. Huss não aceitou. O Imperador Sigismundo covardemente revogou o salvo-conduto que concedeu a John Huss, então sua sentença foi a morte. John Huss foi queimado numa fogueira em 1415. Teria Martinho Lutero o mesmo fim de Huss?

A situação de Lutero era dramática, e havia muita pressão para que ele se retratasse. “... o devido processo legal foi todo esquecido, os sacerdotes com seus apoiadores gritavam: ‘Retrate-se! Retrate-se!’... Lutero respondeu: “Concílios têm errado. Papas têm errado. Provem para mim dentro da Bíblia que estou errado, e eu me submeto. Até que provem que estou errado, a minha consciência me restringe. Não posso agir de outra maneira... Deus me ajude. Amém’ [...].” (Luther at the Diet of Worms de J. A. Froude. The Leader, 6 de Junho de 1896, p. 34)

Martinho Lutero permaneceu firme e não se retratou do que escrevera e do que cria, confessando perante o Imperador, perante o clero, e a nobreza da época que a autoridade máxima em sua vida era a Bíblia.

Assim que Lutero deixou Worms, o eleitor Frederico, seu amigo e apoiador, vendo o perigo em que se encontrava, sequestrou Lutero utilizando cavaleiros mascarados e o levou para o Castelo de Wartburgo, onde foi mantido em agradável confinamento para proteger sua vida. Foi ali que Lutero começou sua célebre tradução dos livros da Bíblia, a partir da língua original para a língua alemã.” (The War Cry, 29 de Julho de 1893, p. 2). “A tradução de Lutero da Bíblia foi feita enquanto estava trancado pelas paredes sombrias do Castelo de Wartburgo, na Floresta Negra.” (The War Cry, 17 de Agosto de 1940, p. 13)

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