Os mártires huguenotes

 

Mapa extraído de "O Cruzeiro", nº 43, 07 de Agosto de 1954, p. 45

Foram presbiterianos franceses, conhecidos como Huguenotes que trouxeram a fé evangélica ao Brasil. “O povo da fé reformada foi chamado de huguenotes. A origem do nome é contestada, mas provavelmente entrou em voga por meio de um homem, um calvinista, que levava o nome de Hugues... ” (The Watchman, 31 de Outubro de 1918, p. 5)

 “... O almirante Gaspard de Coligny... foi sem dúvida a maior figura do protestantismo francês. Ele foi uma das vítimas o Massacre de São Bartolomeu. Tentou fundar no Brasil uma grande comunidade cristã, onde se pudesse desfrutar de plena liberdade de consciência, e em 1555 enviou uma expedição ao Rio, sob o comando do contra-almirante bretão Nicolas Durand Villegagnon, que, ao chegar ao Rio, tomou posse e fortificou uma ilha, que ainda leva seu nome. Surgiram dissensões, o elemento normando se revoltou, a colônia não prosperou e em 1557 foi enviada outra expedição com reforço de 300 homens. Foi nessa época que a Igreja Protestante de Genebra, atraída por relatos sobre o caráter pacífico dos nativos, enviou um grupo de missionários, composto por dois pastores e quatorze estudantes. Esta era a Igreja de Calvino, e é justo inferir que ele organizou a missão. O líder do pequeno bando era o erudito e piedoso Jean Boles. A colônia deu em nada devido à maldade e traição de seu líder, Villegagnon, que traiu seus compatriotas com os portugueses e renunciou ao Protestantismo. Ele é conhecido entre os protestantes franceses, até hoje, como o Caim da América.” (The Brazilian Bulletin, nº 01, Junho de 1898, p. 37)

Os pastores presbiterianos franceses, Jean du Bourdel, Mathieu Verneuil, e Pierre Bourdon, que realizaram o primeiro culto evangélico no Brasil em 10 de Março de 1557, foram mortos por enforcamento por causa de sua fé, em 09 de Fevereiro de 1558 e seus corpos foram lançados no fundo do mar, na Baía de Guanabara.

Jean Jacques Le Balleur, chamado pelos brasileiros de João Bolés, um dos huguenotes, conseguiu fugir. “Bolés e alguns de seus companheiros fugiram de Villegagnon e se retiraram para S. Vicente, perto do porto de Santos, onde começaram a trabalhar entre os índios. Bolés pregou e trabalhou com tanto zelo que, logo, não apenas os índios, mas também os portugueses se aproximaram dele. Os jesuítas, não podendo responder-lhe, recorreram a um argumento favorito, acusaram ele e os seus companheiros de heresia e sedição, e mandaram-nos de volta para o Rio... João Bolés foi enviado para a Bahia, onde por oito anos sofreu as torturas comuns àquela época cruel. Quando os franceses foram expulsos, em 1567, ele foi levado para o Rio, executado e queimado. Diz-se que o jesuíta José Anchieta... foi tão levado pelo fanatismo feroz da época a ponto de ajudar, com as próprias mãos, na execução.” (The Brazilian Bulletin, nº 01, Junho de 1898, p. 37)

João Bolés foi martirizado em 20 de Janeiro de 1567, porém boa parte dos livros didáticos de História, tratam a tragédia que ocorreu na Guanabara com os humildes huguenotes como “invasões francesas”, não levando em conta a dor e crueldade que ceifaram a vida destes ministros da fé evangélica, que mal algum causaram ao povo brasileiro.

O jornal Corbett's Herald, 27 de Maio 1905, p. 05, assim testemunhou de João Bolés: “João Bolés, eloquente huguenote francês, mantido por oito anos numa prisão jesuíta no Brasil, e então foi morto; tudo porque ele pregou Jesus Cristo.”

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