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Antão Pessoa: buscando fortuna na selva, encontrou a Bíblia
Antão
Pessoa, com sua esposa e sua mãe,
Extraído de: GLASS, Frederrick Charles. Through Brazilian junglelands with the book, p. 136
Antão Pessoa
deixou o seu pequeno sítio no Ceará, e partiu para a região Amazônica, pois
naquele tempo a indústria da borracha gerava muito dinheiro naquele arrabalde,
e Antão Pessoa foi para lá, para fazer fortuna.
Em 1912,
Frederick Charles Glass, e O. R. Walkey navegaram pelo Rio Japurá até chegarem
ao Rio Amazonas, mas Frederick Glass e o Sr. Walkey tiveram que esperar por
alguns dias até que pudessem ir de navio até Manaus, por isso passaram alguns dias
na remota região onde havia um posto fiscal em Jatuarana, onde tiveram companhia
também de oficiais e marinheiros, e das Bíblias que levavam. Na primeira noite,
naquela região remota e silenciosa, Frederick Glass leu a passagem do Filho
Pródigo, e fez uma pequena explanação da mensagem. Já na terceira noite, Antão
Pessoa recebeu uma Bíblia do Sr. Glass, e começou a lê-la em alta voz.
“Antão
converteu-se e tornou-se um ávido leitor da Bíblia. Logo depois de eu ter
embarcado rio abaixo para Manaus, em rota
para Londres, Antão abriu uma escola entre os marinheiros e ensinou oito deles
a ler a Bíblia, incluindo um bonito jovem índio, e vários desses homens acabaram
se convertendo também. Mantive contato com ele, suprindo-o com livros escolares
e Bíblias. Vários anos depois, ele se juntou a mim em Maceió, e logo se tornou
o melhor colportor do Norte do Brasil, e um grande ganhador de almas.” (GLASS,
Frederick Charles. Through Brazilian junglelands with the book. Pickering & Inglis: Londres, Inglaterra, 1930, p. 131). O jovem
índio que também aprendeu a ler na escola que Antão Pessoa abriu era um índio
da etnia Miranha que se chamava Claudino, como foi narrado por Frederick
Charles Glass na revista South America, nº 16, Agosto de 1913, p. 84.
Antão Pessoa foi convidado por
Frederick Charles Glass para tornar-se colportor e distribuir a Bíblia pela
imensidão do Brasil.
Na cidade de Cajazeiras, Paraíba,
no ano de 1917, Antão Pessoa e Valentim Walderico foram vítimas de arbítrio do
delegado de polícia local que se opôs à venda de Bíblia naquela localidade. Antão
e Walderico fizeram comunicação à autoridade competente para que garantisse a
liberdade de consciência assegurada na Constituição do Brasil em vigor, e este
ato foi publicado pelo jornal de Manaus, Amazonas, chamado “Jornal do
Commercio”, edição nº 4759, 29 de Julho de 1917, p. 01:
“O chefe de policia recebeu a
seguinte carta que lhe foi enviada de São José de Piranhas, pelos pastores
Antão Pessoa e Valentim Walderico: ‘Levamos ao conhecimento de vossa
excellencia que fomos preteridos nos nossos direitos, conspurcados pelo
delegado de policia de São José de Piranhas, em prohibindo a venda de
evangelhos sob pena de sermos presos e arrastados à cadeia. Ponderamos as
garantias dadas pela Constituição da Republica, ao que elle nos respondeu: Aqui não tem constituição. Quem regula é
nossa ordem. Pessoa de seu domínio estimulada tomou vários livros de nossa
mão e rasgou-os publica e ostensivamente, o delegado intimou a sahirmos
immediatamente. Obedecemos e nos retiramos de Cajazeiras.”
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