Ilustração: Concern, Junho/Julho de 1959, p. 12
Conforme informações do artigo The seed of the reformed faith in the New World (A semente da fé reformada no Novo Mundo) de autoria de Peter G. Baker, à época presidente do Instituto Presbiteriano Mackenzie, publicado na revista Concern, Junho/Julho de 1959, p. 13, o Almirante Nicolas Durand de Villegagnon (1510-1571) escreveu para João Calvino (1509-1564), em Setembro de 1556, pedindo que o reformador enviasse ministros evangélicos ao Brasil. Então, foram enviados ao Brasil os ministros evangélicos Pierre Richier e Guillaume Chartier, e formou-se um grupo de colonos para acompanhar estes ministros, e, assim desembarcaram na Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, em 1557. No dia 10 de Março de 1557, os pastores presbiterianos franceses Jean du Bourdel, Mathieu Verneuil, e Pierre Bourdon, realizaram no Rio de Janeiro, o primeiro culto evangélico do Brasil.
“Á frente deste bando de heróes da fé, fora posto o venerando Felippe de Corguillerai, senhor du Pont, amigo e visinho do grande almirante de Coligni, quando estivera em Chastillon sur Loing. Acompanhavam-no dois ministros evangelicos: o ancião Pedro Richier de cincuenta annos de edade, e Guilherme Chartier, mais moço. Além desses dois pastores, formados em theologia, profundamente conhecedores das Sagradas Escripturas e das línguas originaes desse Sacratissimo Deposito, acompanharam n'os os seguintes aspirantes ao ministerio e profissionaes em varias artes: Pedro Bourdon (excellente torneiro), Matlieus Verneuil, João du Bourdel, André la Fon (alfaiate), Nicoláo Dénis, João Gardien (perito retratista), Martin David, Nicoláo Raviguet, Nicoláo Carmeau, Jacques Rousseau e João de Lery, o clássico historiador desta viagem e estadia dos protestantes no Brasil.Tendo esta comitiva partido de Genebra a 16 de setembro de 1556, demandou primeiramente a Chastillon sur Loing, onde os huguenotes tiveram a opportunidade de encontrar-se com o grande almirante Coligni. Dahi seguiram para Paris, onde se demoraram um mez, e onde ‘alguns gentis homens e outras pessoas’se aggregaram á expedição. Só a 7 de março de 1557, demandara a frota do Sr. Bois Le Conte á barra do Rio de Janeiro, e sômente a dez do mesmo mez, desembarcára, no Forte de Coligni, esta celebre expedição... reunindo-se todos numa sala que havia no meio da ilha, e depois que Pedro Richier invocou a presença do Divino Espirito Sancto, cantou-se o PSALMO 5º... Após este cântico, fez um eloquente sermão, tomando por thema as seguintes palavras do Psalmo 27, versículo 4, segundo a excellente traducção do ex-padre Sanctos Saraiva: Uma coisa tenho pedido a IAH’VEH a qual eu buscarei; que assista eu na casa de IAH’VEH, todos os dias de minha vida, para IAH’VEH contemplar o explendor, e recrear-me em seu templo.” (O Puritano, nº 384, 21 de Março de 1907, p. 01)
A perseguição logo veio, com a ajuda de Villegagnon, e esta perseguição culminou com a tragédia da Guanabara: em 09 de Fevereiro de 1558, Jean du Bourdel, Mathieu Verneuil, e Pierre Bourdon, foram enforcados, e seus corpos foram lançados no fundo do mar da Baía de Guanabara.
João Bolés, apelido que os brasileiros deram para Jean Jacques Le Balleur, conseguiu fugir dos perseguidores, e, em 1557, ele foi refugiar-se em São Vicente, no Estado de São Paulo. Pregando para os índios, logo conseguiu amizade de portugueses que lá residiam. Isso inflamou representantes do clero romano que acusou João Bolés de heresia. Capturado pelo Padre Luiz da Gram, João Bolés foi enviado de volta para o Rio de Janeiro, depois foi levado cativo para a Bahia, em 1559, e naquele lugar ficou preso por oito anos, passando humilhações, e atentados contra sua vida. Em 20 de Janeiro de 1567, no Rio de Janeiro, João Bolés foi executado por enforcamento, e seu corpo foi lançado às chamas.
"Jean Du Bourdel, Matthieu Verneuil, e Pierre Bourdon executados na sexta-feira tragica, 9 de fevereiro de 1558, por Nicolas Durand Villegaignon, na bahia de Guanabara, e o sangue dos quaes foi a semente da Egreja Evangelica em terras da America!" (CRESPIN, Jean. A Tragedia da Guanabara. Rio de Janeiro: Typo-Lith. Pimenta de Mello & C., 1917, s. p.)
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