Foto: Julian Hernandez e os livros proibidos no Convento de São Isidoro
Em Julho de 1557, regressando de Genebra, Suíça, o colportor Julian Hernandez chega a Sevilha, Espanha, como corretor de provas de livros publicados naquela cidade, porém traz contrabandeados livros proibidos pela Inquisição espanhola, ou seja, Novos Testamentos e literatura evangélica. Disfarçado de almocreve (pessoa que conduzia animais de carga), Julian Hernandez escondeu os livros proibidos em dois barris.
“Em 1557, Julian Hernandez chegou a Sevilha: com a sua carga tinha atravessado toda a península sem que a justiça, nem ninguém, suspeitasse que naqueles dois barris estavam as armas mais poderosas contra a religião do Estado...” (Chaves, Manuel. Cosas nuevas y viejas. Sevilha, Espanha: Tipografia Sauceda, 1904, p. 53-54)
Quando alguns evangélicos de Sevilha souberam da chegada dos livros proibidos, deram um jeito de espalhar os livros contrabandeados, e alguns exemplares trazidos por Julian Hernandez foram parar no Convento de São Isidoro, nos arredores de Sevilha, outros exemplares foram escondidos na casa de Juan Ponce de Leon, e outros livros proibidos foram escondidos na casa de Isabel Baena, onde luteranos se reuniam com frequencia.
No Convento de São Isidoro estavam Casiodoro de Reina (1520-1594), que mais tarde traduziu a Bíblia para o castelhano, e Cipriano de Valera (1532-1602), revisor da tradução da Bíblia feita por Casiodoro de Reina.
Quando a Inquisição descobriu que haviam leitores dos livros proibidos no Convento de São Isidoro, alguns dos frades conseguiram fugir, e entre os que fugiram para Genebra, estavam Casiodoro de Reina e Cipriano de Valera.
Vinte e dois monges que não conseguiram fugir do Convento de São Isidoro foram capturados pela Inquisição, e queimados na fogueira, sob a acusação de luteranismo, ou seja, foram condenados por seguirem as ideias de Martinho Lutero (1483-1546).
Por um engano, Julian Hernandez entregou uma carta e um exemplar do livro “A imagem do anticristo” para o vigário D. J. Gonzalez ao invés de entregar ao real destinatário, o pregador D. J. Gonzalez, que aguardava a carta e o livro.
Denunciado ao Santo Ofício, Julian Hernandez foi preso em 07 de Outubro de 1557, e foi trancafiado no Castelo de Triana. Em 22 de Dezembro de 1560, Julian Hernandez foi queimado na fogueira.
Castelo de Triana/Biblioteca Digital Hispânica
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