Visitando os índios Carajás

 

Frederirck Charles Glass

Em 1919, o jornal presbiteriano “Norte Evangelico”, que era publicado em Garanhuns, Pernambuco, noticiou que o missionário e colportor Frederick Charles Glass (1871-1960), que era um de seus redatores à época, ele estava em sua terceira viagem ao território dos índios Carajás, acompanhado do colportor Antão Pessoa de Oliveira.

“De sua terceira visita aos Carajás acaba de regressar o dr. Frederick Glass, chefe da Repartição de Colportagem e Deposito de Litteratura Evangelica, em Maceió. Segundo nos informou o seu companheiro nesta excursão evangélica, colportor Antão Pessôa, o dedicado obreiro, na occasião em que se banhava num rio, foi ferido por um peixe. Fóra este accidente, foram bem succedidos em toda viagem.” (NORTE EVANGELICO, nº 24, 11 de Setembro de 1919, p. 03)

Na edição do Norte Evangelico, nº 27, 13 de Outubro de 1919, na primeira página, foi publicada partes da carta que Frederick Charles Glass enviou ao secretário do referido periódico, onde narrou o seguinte:

“Viagei approximadamente 6.000 milhas, via Rio de Janeiro, S. Paulo e Goyaz, sendo duas mil em canôas, descendo os rios Araguaya e Tocantins até sahir em Belem. Levei dois remadores apenas. Eu ia piloteando a canôa. Bem adiante adimitti dois carajás até o meio do caminho  e então arranjei ima tripulação nova de oito homens praticos, por causa das cachoeiras perigosas. Encontrei muitas aldeias de indios. Dormi em tres dellas. Com pequenas excepções, minha convivencia com os índios foi a mais agradavel e alegre possivel, muitos recordando a minha ultima viagem e chamando-me por nome Frederico. Achei de novo o moço indio chefe Odidi. [...]. Explorando o rio Tapirape, fomos perseguidos tenazmente por tres grandes canôas com 14 indios enormes, despidos e armados. Nós eramos apenas tres homens. que susto! Consegui, todavia, ganhar a boa amisade delles á custa de algumas rapaduras e anzoes. Em certa aldeia, o chefe nos pendeu, fazendo exigências extravagantes. Com a canôa em secco, estavamos em estado critico; mas Deus me deu uma politica pelo que consegui escapar com a insignificate perda do meu panamá e um paletot de pyjama. As cachoeiras estavam terriveis e quase que iamos ao fundo. Levei mais de dez dias para desce-las. O meu companheiro Antão Pessoa foi um grande auxilio e conforto para mim. Nunca gosei de melhor companhia. É disposto para tudo. Tivemos muitas pregações entre as communidades brazileiras em caminho, onde o Evangelho nunca tinha sido então annunciado e baptisei um bom moço no Rio Araguaya. Tambem deixei pelo caminho cem Testamentos e muitos tractados.”

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