Os colportores, na época do Brasil Império, saíam de porta em porta, de vila em vila, vendendo Bíblias, folhetos, e literatura evangélica. Para realizarem o serviço de colportagem, os colportores enfrentavam dificuldades como o analfabetismo, e intolerância religiosa até mesmo por parte de autoridades civis e judiciárias.
Os primeiros a utilizarem a colportagem para espalhar a Bíblia entre o povo foram os Valdenses, que era um grupo evangélico que vivia nos vales dos Alpes italianos.
No Brasil, a Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira e a Sociedade Bíblica Americana contratavam colportores para espalharem a Bíblia pelo Brasil, e foi assim que a Bíblia se tornou um livro conhecido, e com vendas numerosas num país que, na época do Império não concedia a liberdade de culto em sua plenitude. A Constituição do Brasil Império só permitia os cultos evangélicos em casas residenciais, desde que a casa não tivesse exterior de templo, e o culto não podia ser feito em português.
Em 1857, Robert R. Kalley (1809-1888), um escocês, que era missionário e médico realizou no Morro da Saúde, no Rio de Janeiro, o primeiro culto evangélico em língua portuguesa, da história do Brasil.
Em 1856, da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira enviou ao Brasil o seu primeiro colportor, o Sr. Richard Corfield, que era de Liverpool, Inglaterra.
O relatório de 1859 da Sociedade Bíblica e Estrangeira traz as seguintes informações do trabalho inicial de Richard Corfield no Brasil:
“O Sr. Corfield ainda tem feito do Rio de Janeiro seu centro de operação, mas tem empreendido jornadas alongadas e frequentes nas partes remotas do Império brasileiro... Em pouco mais de dois anos o Sr. Corfield foi capaz de espalhar sobre uma vasta extensão do país, e entre povos de várias nacionalidades, 12.447 cópias da Palavra inspirada... A primeira jornada do ano passado foi para o sul do Brasil, e incluiu visita dos seguintes lugares importantes: Santa Catarina, São Francisco, a Colônia alemã em Dona Francisca, Rio Grande, Pelotas, Porto Alegre, etc. Durante esta jornada 800 cópias da Bíblia foram vendidas... A segunda jornada do Sr. Corfield o levou à Província de Minas Gerais, famosa por operações de mineração. Vários lugares importantes foram visitados nesta rota, e 727 cópias da Bíblia foram distribuídas, quase totalmente por meio de vendas... A terceira e concluinte jornada do ano foi para o Norte do Brasil. O Sr. Corfield foi para o Pará, e de lá então, para o Amazonas. Bahia, Maranhão, Pernambuco e muitos outros estados foram visitados, e, nesta ocasião, mais 1.363 cópias da Bíblia foram vendidas. Chegando ao Pará, o Sr. Corfield comenta: ‘... Minhas vendas num curto tempo foi acima de 200 Bíblias...” (Fifty-fifth Report of the British and Foreign Bible Society, 1859, p. 274-278)
Além de vender Bíblias, realizar pregações evangélicas, os colportores também escreveram livros, destacando-se as seguintes obras:
Sketches of residence and travels in Brazil (Reminiscências de Viagens e Permanência no Brasil) escrito pelo missionário metodista Daniel Parish Kidder (1815-1891).
Em 1837, Daniel Parish Kidder foi enviado ao Império do Brasil, pela Sociedade Bíblica Americana para verificar as possibilidades de distribuição da Bíblia neste imenso país.
Adventures with the Bible in Brazil, de autoria do colportor e missionário inglês Frederick Charles Glass (1871-1960), cuja tradução deste livro em português leva o título de “Aventuras com a Bíblia no Brasil”.
Em1898, Frederick Charles Glass fez a sua primeira viagem como colportor, partindo de Ouro Preto, Minas Gerais, até Vitória, capital do Espírito Santo.
A revista A Bíblia no Brasil, nº 23, de Janeiro/Fevereiro/Março de 1954, p. 13, traz a seguinte informação da dimensão do trabalho de colportagem de Frederick C. Glass: "Verdadeiramente, milhares de brasileiros tiveram o seu primeiro contato com o Evangelho, por intermédio da obra magnífica dirigida pelo Sr. Glass."
The Bible in Brazil (A Bíblia no Brasil) de autoria do missionário metodista Hugh Clarence Tucker (1857-1956).
No ano de 1888, Hugh C. Tucker recebeu um convite da Sociedade Bíblica Americana para distribuir a Bíblia no território brasileiro. “De 1887 a 1934, Dr. Tucker percorreu várias vezes todos os Estados do Brasil, exceto um. Seu sonho dourado era ver todos os brasileiros lendo a palavra de Deus.” (A Bíblia no Brasil, nº 35, Janeiro/ Fevereiro/Março de 1957, p. 06)
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