Valdenses: a igreja dos vales

 

Igreja Protestante de San Giovanni, Lucerna, Vale dos Valdenses

Foto: All Nations, nº 55, Maio de 1905, p. 98

Atribui-se a origem do grupo evangélico chamado de Valdenses a Pedro Valdo, um rico comerciante da cidade de Lyon, na França, nascido no século XII, que liderava um grupo, chamado à época de “Homens pobres de Lyon”, que criam na supremacia da Bíblia sobre a consciência dos homens. Este grupo logo se tornou alvo da perseguição da igreja papal.

“... ‘os homens pobres de Lyon’ foram denunciados por desobediência ao papa, por encorajarem a pregação leiga, por permitirem que as mulheres pregassem, por dizerem que Deus deve ser obedecido antes que os homens...” (MOODY MONTHLY, Agosto de 1956, p. 19)

“‘A Igreja dos Vales’, os Vales de Piemonte, como é pitorescamente chamada, tem passado através dos séculos, da perseguição à liberdade que ela desfruta hoje. Nos tempos mais antigos, o isolamento da montanha preservou-a do perigo, de modo maravilhoso, mas no final do ano 1400, uma terrível tragédia tomou lugar no Vale de Pragelas, como resultado dos editos papais. Um inquisidor, chamado Borelli, na chefia de uma tropa armada, apareceu, de repente, no dia de Natal, na cidade de Pragelas. Os habitantes fugiram às pressas para as montanhas, e carregando em seus ombros, seus homens idosos, seus doentes, e seus infantes, acampados em um cume que tem sido desde então, chamado  ‘Albergiano’, ou Refúgio. De manhã, oitenta crianças pequenas foram encontradas mortas pelo frio, muitas delas presas nos braços congelados de suas mães. No ano de 1488, outra horrível perseguição se levantou, na qual centenas pereceram, alguns por sufocamento: um fogo foi aceso por seus inimigos, na entrada da caverna na qual eles tinham buscado refúgio. Em 1588, Alebrto Cataneo, Arquidiácono de Cremona, o delegado do Papa, adentrou os vales com 18.000 homens, esperando extirpar os heréticos, mas ele descobriu neles, mais formidáveis antagonistas do que ele tinha esperado. Eles buscaram refúgio com suas esposas e pequeninos, na solidez acima de Pra Del Tor. Havia somente um caminho para alcançá-los, e que era por meio da passagem de um corredor, onde somente dois poderiam caminhar de frente. Justamente quando o inimigo estava perto de entrar no desfiladeiro, uma densa neblina desceu, então os soldados nem podiam avançar nem recuar. Os Valdenses, percebendo nisto uma Divina interposição, atacaram seus perseguidores, que foram retrocedidos em confusão, e mortos em grandes números. Por aproximadamente um ano, esta batalha incômoda foi mantida, até o ponto do jovem Duque de Savoia, mais leniente que o Papa, fazer termos de  paz. Em 1655, o famoso Edito de Banimento foi promulgado. Um grande tribunal tinha secretamente ganhado força na Igreja de Roma, chamado de ‘O Concílio para a Propagação da Fé e a Extirpação dos Heréticos’. Um de seus primeiros atos foi um edito de exílio contra os Valdenses do Vale de Lucerna. Gastaldo, o delegado do Papa, ordenou que todos deixassem seu fértil vale, e se retirassem para a montanha, a menos que, se dentro de vinte dias, eles se declarassem católicos romanos. Ninguém aceitou os termos, e, liderados pelo Pastor Leger, 2.000 deles fugiram para as montanhas. Um exército de 15.000 soldados, chefiado por Piadezza, foram aquartelados contra eles, sob falsas pretensões, e um revoltante massacre tomou lugar; as pessoas indefesas, velhos e jovens, foram literalmente massacradas. Na vila de Rorá, no entanto, uma maravilhosa defesa foi feita pela comunidade de vinte e cinco famílias, lideradas por Janavel. Duas vezes eles repeliram o inimigo com grandes perdas, e isto levou uma tropa de 8.000 a finalmente subjulgá-los. Javanel escapou com uns poucos seguidores. Ele carregou seu filho nas suas costas até as montanhas, e então retornou para liderar outro ataque, e nesta ocasião este poucos defensores heroicos que restaram, foram todos assassinados. É para a honra duradoura de Oliver Cromwell que ele defendeu a causa dos Valdenses perseguidos neste tempo. Foi uma das mais nobres obras de sua carreira, e até mesmo seus detratores devem confessar a generosidade desta ação. Ele ordenou um jejum geral, coletou cerca de 30.000 libras para a ajuda deles (das quais 2.000 libras foram subscritas por ele próprio), e enviou um embaixador ao Rei da França e ao Duque de Savoia, para argumentar com eles, e que teve o efeito desejado para a época. O famoso soneto de John Milton ‘Sobre o recente massacre no Piemonte’ foi escrito em memória deste terrível massacre.” (REEVE, B. The Waldensian Church. All Nations, nº 55, Maio de 1905, p. 97-99)

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