A vingança da Bíblia

 Colportor Antão Pessoa

Antão Pessoa é um nome de destaque na distribuição da Bíblia no Brasil. Antão Pessoa se converteu ao ouvir uma pregação do missionário e colportor Frederick Charles Glass (1871-1960), na região Amazônica.

Num artigo intitulado "A vingança de uma Bíblia", de autoria de Eudaldo Silva Lima, publicado na revista A Bíblia no Brasil, nº 118, Janeiro a Março de 1981, p. 4 e 32, foi narrado o seguinte episódio da vida de Antão Pessoa, quando foi vender Bíblias em na cidade de Princesa, na Paraíba:

"O colportor Antão Pessoa foi uma das figuras mais conhecidas das igrejas evangélicas semeadas da Bahia a Pernambuco, à Paraíba, Rio Grande do Norte, Ceará e todo o Nordeste. Originário da notável família Pessoa, donde procederam Epitácio e João Pessoa, nomes da história política de nossa gente, Antão Pessoa, humilde como era, nunca se prevalecia da estirpe donde descendia, ao desenvolver seu ministério bendito e anônimo de espalhador de Bíblias, Novos Testamentos e Porções Bíblicas por seu campo missionário. [...]. Doutra feita, foi ele ter num sábado à cidade de Princesa, na Paraíba. No meio da feira, abriu suas bruacas de livros, sem mesmo pedir qualquer licença. O povo começou a adquirir os livros, quando, lá pelas onze horas, sol muito quente, apareceu um padre, acompanhado de sequazes; tomou o estoque, rasgou-o no meio da feira e disse muitos impropérios ao colportor, que ficou estupefato e confuso, tão inesperada fora a agressão. Sentou-se então desanimado à sombra de frondosa amendoeira e orou a Deus assim como quem pergunta por que aquilo, e já elaborava um plano para ir à delegacia de polícia dar queixa. Entrementes, o vento soprava na sombra da árvore, e uma lufada do mistral trouxe um pedaço de papel; era uma nesga dos livros há pouco despedaçados. Ele a tomou e leu emocionado aquela página: 'Não vos vingueis a vós mesmos, amados: a mim me  pertence a vingança; eu retribuirei, diz o Senhor.' (Rm 12.19). Ele próprio, emocionado, me contou o episódio e disse que decidira não mais dar queixa alguma. Resolveu albardar o animal e continuar sua viagem. Quando se preparava para sair da cidade, lhe veio um chamado do Prefeito, que queria ter com ele 'uma fala'. [...] Ao chegar o colportor à prefeitura, o governador da cidade pediu-lhe que contasse o incidente da feira e desse o valor do prejuízo. Ele narrou o fato sem amargura, e disse que seu prejuízo subia a cerca de trezentos mil réis. O Prefeito acrescentou: - Cobre o que quiser, que o padre vai pagar até o último tostão. Antão Pessoa insistiu nos trezentos mil réis e para sua surpresa, apareceu o padre pessoalmente para pagar o prejuízo e lhe pedir desculpas em nome da cidade de Princesa. [...]" (Lima, Eudaldo Silva. A vingança da BíbliaA Bíblia no Brasil, nº 118, Janeiro a Março de 1981, p. 4 e 32)


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