O testemunho real da conversão do escravo Francisco Manoel Lago


“A história a seguir ilustra admiravelmente como Deus trabalha através de Sua Palavra escrita. Vinte anos atrás um escravo numa pequena vila ao sopé da Serra dos Órgãos, que dava para ver a cidade do Rio de Janeiro, foi mandado limpar o lixo que se tinha acumulado dentro de um galpão ao lado da casa. Havia um barril cheio de papéis velhos que foi ordenado a ele para esvaziar, e ele foi jogar fora. Ele descobriu um velho livro; abrindo, viu o nome de Jesus Cristo, e concluiu que deveria ser um bom livro. Na página do título lê-se: ‘O Novo Testamento, isto é: O Novo Concerto de Nosso Fiel Senhor e Redentor, Jesus Cristo.’ Ele escondeu o livro debaixo de seu casaco até que o dia de trabalho terminasse. Ele era um Romanista devoto, que tinha aprendido a ler com o propósito de ler as orações da igreja. À noite, sentou-se sob uma luz fraca, e lá permaneceu a noite toda lendo aquele maravilhoso livro. Nenhum sono veio aos seus olhos, mas, como me disse, muitas vezes lágrimas escorreram por suas bochechas, porém, não podia dizer o porquê. Noite após noite ele lia, muitas vezes a leitura o fazia chorar. Este livro foi guardado por dezessete anos. Ele guardou o livro com grande cuidado e reverência e nunca permitiu que qualquer coisa fosse colocada no topo da caixa; ele o considerava uma coisa tão santa que nunca permitiu que a poeira se alojasse sobre a caixa. Ele tinha imagens, mas este livro logo tornou-se para ele mais sagrado e santo do que aquelas imagens. Por dezessete anos manteve-se meditando dia após dia qual era o real significado de todas as coisas maravilhosas que ele estava lendo naquele livro. Uns poucos anos atrás ocorreu dele estar em uma pequena vila perto da Baía do Rio, onde encontrou uma mulher negra que era membro de uma das igrejas Protestantes do Rio. Tão logo que ela soube que ele tinha lido o Novo Testamento, ela começou a falar com ele sobre isto. Ele fez muitas perguntas, e ela deu respostas e explicações. Ele disse isto nesta conversa, que como Saulo de Tarso, as escamas caíram de seus olhos, o amor de Deus encheu sua alma, e ele imediatamente descobriu uma paz e uma alegria pelas quais tinha ansiado por dezessete anos. Pouco tempo depois retornou à sua cabina nas montanhas, e por dois anos não viu ninguém desta fé. Um ano atrás um dos colportores da Sociedade Bíblica Americana passando por esta parte pela primeira vez, sucedeu de encontrá-lo; do colportor recebeu alguma instrução e comprou uma Bíblia. Enquanto eu conduzia um pequeno culto na sala de jantar de um hotel em uma vila nas montanhas, minha atenção foi atraída pelo interesse cativante e apreciação cordial manifestados por um velho negro que sentou-se perto de mim. Depois do culto eu tive uma conversa com ele, e ele relatou a mim a história que contei. Nunca esqueci a alegria e a vivacidade expressadas na face do negro. Foi maravilhoso ouvi-lo contar a história deste Novo Testamento e de sua conversão. Ele obteve um maravilhoso conhecimento da Palavra de Deus apenas lendo este livro. Na manhã seguinte, enquanto eu estava deixando o hotel, ele deu-me como presente o seu precioso tesouro, dizendo que desde que ele comprou a Bíblia com impressão maior, ele não necessitava deste Novo Testamento, e como ele poderia ser útil para mim, ele desistiria dele pelo bem da causa. Este Novo Testamento foi impresso em Chelsea, Inglaterra, em 1817, por Tilling & - nes (foi destruída algumas letras da primeira parte do segundo nome). O nome H. Hayne é o primeiro na folha de rosto, então vem o nome de Manoel Floriano de Souza. O nome do velho homem que o deu a mim é Francisco Manoel Lago. (Hugh Clarence Tucker, The Bible in the Brazil)

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