Uma terra de mistério

 

Foto: A Igreja Protestante em Goiás, do livro Through Brazilian Juglelands with the Book 
de Frederick Charles Glass
O Brasil é conhecido principalmente conhecido como “o país de onde vem as castanhas”. De acordo com o Sr. F. C. Glass, um missionário da União Evangélica da América do Sul, que chegou a Melbourne recentemente, o Brasil pode produzir muito mais que castanhas. “É um país de vastos recursos”, disse o Sr. Glass, “e está perto de ter seu lugar entre as maiores nações do mundo. Grandes sinais que revolucionarão o país estão a caminho: o dinheiro está correndo lá, e há muitos ricos.” Seus recursos naturais são vastíssimos, e uma vasta floresta na fronteira norte contornando o Rio Amazonas, onde habitam muitas tribos de índios peles vermelhas, muitos dos quais, como declarou o Sr. Glass, não sabem como o Brasil foi descoberto. Crê-se que há 300 tribos. “Eles são os mais elegantes da raça do povo aborígene no mundo”, disse ele, “sendo dotados de excelentes qualidades.” A maioria deles nunca viu pessoas brancas. É um pouco inacessível a região onde eles habitam, por isso é que os próprios brasileiros são incapazes de estimar quantos são.
Do ponto de vista de um explorador, o Brasil é um país mais difícil de explorar do que a África. Na África há trilhas ou caminhos pelas florestas, só que as selvas no Brasil são mais densas e é impossível adentrar a uma extensão maior num prazo inferior a 20 dias. No fim deste período o explorador tem que retornar à sua trilha ou corre o risco de morte ou desnutrição. Não há nenhum tipo de ajuda.
O Sr. Glass foi para o Brasil em 1892, com contrato de engenheiro com o Governo Brasileiro. Depois se envolveu com uma mina de ouro, e mais tarde se uniu à Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira. Por fim, as denominações encarregadas do trabalho evangélico na América do Sul uniram forças e os serviços do Sr. Glass foram requisitados. Ele viajou como presume, 35.000 milhas em trabalho pioneiro, mas encontrou apenas cinco tribos de índios. Ele foi membro da famosa expedição Putamayo chefiada pelo falecido Sir Roger Casement, à época Cônsul Geral da Inglaterra no Brasil, expedição na qual se investigou atrocidades cometidas pelos seringueiros peruanos. “Chegamos tarde,” disse o Sr. Glass, “descobrimos que os índios tinham sido dizimados.”
No Brasil cultiva-se, entre outras coisas, seringueira, algodão, açúcar, côco, e café. O extremo sul é devotado à criação de gado. Americanos estão comprando extensos tratos de terras para cultivo, e grandes firmas de enlatados estão operando em larga escala. A mão de obra é barata e não há sindicatos. Os recursos minerais são grandes. A mina de ouro de São João Del rei, a mais profunda do mundo, tem a profundidade de uma milha e meia, está produzindo 45.000 libras em ouro mensalmente, e há grandes depósitos de ferro. Os ingleses são tidos em grande estima, ainda que a colônia inglesa não exceda a 10.000 pessoas.
A sede da sociedade que o Sr. Glass representa está em Londres. Só no Peru empregam 80 missionários. O Sr. Glass fará várias palestras em Melbourne e depois visitará Adelaide e Perth, e depois irá à Inglaterra. (The Watchman, nº 3, 28 de Junho de 1924, p. 1.)
A Bíblia no Brasil. Um livro muito interessante foi publicado recentemente pelo Sr. F. C. Glass, que atualmente é um agente da Sociedade Bíblica Britânica e Estrangeira no Brasil, e está a muitos anos naquele país. O livro é publicado por Messrs. Pickering & Inglis, de Londres e Glasgow, e tem prefácio do editor de “O Christão”. [...]. O Sr. Glass fala de um sacerdote que, lendo a Bíblia sozinho, veio a convicção definitiva e aceitou o Senhor Jesus como seu único Salvador, e resignou seu cargo, e hoje é o pastor de uma grande congregação no Brasil. Extraído de: The Watchman, nº 9, 21 de Agosto de 1924, p. 5.

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