Convertidos numa prisão do Brasil

 

Foto: The Christian Herald, 27 de Maio de 1908, p. 445
 
"Além do trabalho evangelístico público entre os civis e soldados numa distante cidade interiorana do Goiás, Brasil, um trabalho esplêndido está sendo feito entre os condenados de uma grande prisão do Estado. Retornei de uma de minhas visitas regulares, e quero dar aos leitores um vislumbre das vidas e cercanias dos pobres infelizes que vivem ali, numa típica cadeia brasileira, onde muitos deles estão sentenciados a viverem isolados e morrerem dentro das paredes escuras, sem alegria, sem Cristo e sem esperança. Ao me aproximar da construção, um grande prédio retangular de dois pisos, com o telhado de telhas vermelhas e branqueadas, fui desafiado pelo sentinela, mas apelei ao chefe da guarda, e foi-me firmemente permitido atravessar os enormes portões de ferro que trancam a entrada, e, uma vez lá dentro, fiquei livre para visitar qualquer parte da prisão. O interior é dividido em cinco alas, contendo uns vinte ou trinta prisioneiros em cada uma, anexada às alas dos carcereiros, e à capela da prisão, há uma espécie de pátio no qual uns poucos prisioneiros privilegiados podem andar mais ou menos livres. Acessei os conjuntos de barras, revistaram-me e me deram as boas-vindas. Um dos condenados é Jerônimo, que pode ser referido como alguém que não havia se convertido há muito tempo, sabia ler sua Bíblia, e tagarelou comigo como uma criança. Sua companhia de cela é um jovem de um tipo bem diferente, alto, quieto e olhar pensativo, com um rosto pálido, um tanto abatido, com um toque melancólico. Conversamos livremente e sem impedimento, e outros condenados apareceram para prestar um pouco de atenção em nós, e algumas vezes tivemos a impressão que estavam escutando atentamente as minhas palavras de conforto e exortação aos seus dois companheiros de prisão, a quem eles desprezavam e perseguiam por causa de sua fé e orações. Então, visitei o irmão Pedro, outro convertido na prisão. Faz agora seis anos desde que o encontrei pela primeira vez, e cinco anos desde sua conversão, que se deu ao ler sozinho a Bíblia na sua cela da prisão. Pedro tem sido um prisioneiro exemplar e ganhou a confiança das autoridades da prisão, e lhe foi permitido viver na capela da prisão... Um homem preso, negro e baixinho, o irmão Jerônimo, acompanhado de dois guardas da prisão, veio visitar-me para comprar uma cópia em português de O Peregrino, pois havia poupado dinheiro para comprar... F. C. GLASS"
Extraído: The Christian Herald, 27 de Maio de 1908, p. 445

 

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