Em meio às muitas perseguições

 


Manuel Canuto Alves, colportor no Brasil: “Em Maio de 1900, o Sr. Frank e eu fomos para o sul do Estado... Terminado nosso trabalho naquela localidade, voltamos para a cidade do Recife, onde tomamos novos rumos para nosso trabalho, também concordamos em trabalhar separadamente, pois o Sr. Frank precisava sair do Estado e queria que eu me acostumasse a trabalhar sozinho. Deus nos abençoou suprindo nossas necessidades. Comecei imediatamente uma viagem a Caruaru. Nesta cidade havia um missionário chamado Charles Kingston, que sofreu muito enquanto esteve lá. Numa ocasião, sua esposa e ele foram espancados e forçados a deixar a localidade. Cheguei nesta cidade já tarde, me hospedei e fui imediatamente conversar com o prefeito do lugar, para que permitisse o meu trabalho ali, mas ele não consentiu e convocou o povo contra mim. Como minha vida estava em perigo, resolvi deixar a cidade no dia seguinte. Fui para a cidade de Bezerros, onde permaneci oito dias. Não sofri agressões físicas porque a autoridade esteve em meu favor, mas mesmo assim me pediram para deixar a cidade. Minha bolsa de Bíblias foi tirada de mim com o propósito de ser queimada, mas o Senhor Todo-Poderoso me deu palavras de poder contra aquele procedimento. Lembro-me de pedir ao Senhor sua proteção, como sempre é meu costume, e depois lhes perguntei a razão pela qual me maltratavam assim, se supunham que eu estava vendendo maus livros. Estavam todos bem armados, chicotes, facas e armas de fogo. O chefe do grupo parecia querer me chicotear e queimar as Bíblias... Fui expulso de meus aposentos, e só depois de muita dificuldade minha bolsa de Bíblias me foi entregue. Mais uma vez na rua, um grupo deles voltou e, chegando perto de mim, advertiu os espectadores contra mim e meus livros, e procurou envolver a polícia no assunto, mas não foram atendidos, e como não podiam me bater como haviam feito alguns anos atrás com outro colportor, se separaram e foram pelas ruas de porta em porta, rindo, e dizendo: ‘Cristo está vindo vendendo livros’. Toda a cidade ficou alarmada e me desaconselharam, de modo que durante os quatro dias de trabalho lá, vendi apenas dois Novos Testamentos e treze Evangelhos. Foram dias de tribulação para mim... Não andei pela rua à noite porque sabia que estava sendo vigiado, e finalmente me despedi em paz. Depois, visitei aquela cidade duas vezes; as portas ainda estão fechadas para o Evangelho, mas em público o Espírito Santo está operando. Durante minha segunda visita a Bezerros, vendi dezoito Bíblias e vinte Evangelhos. Oito meses depois da minha visita à cidade de Caruaru, Deus converteu um jovem ao ler a Bíblia... Fiz cerca de trinta visitas a Caruaru durante vinte anos. Há agora uma igreja lá onde o Evangelho é pregado regularmente. Deus nos ajudou na propagação de seu reinado.” (The Brethren Evangelist, 8 de Outubro de 1924, p. 13)

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