Enfrentando a tempestade

 


No ano de 1938, templos evangélicos sofreram vandalismos e depredações na cidade de Catolé do Rocha, Paraíba, bem como no Distrito de Brejos dos Cavalos, pertencente a Catolé do Rocha. Por esta barbárie, os vândalos cumpriram um ano de prisão.

O missionário Harry George Briault assim narrou a chegada da fé evangélica em Catolé do Rocha, bem como as perseguições irrompidas contra os crentes evangélicos daquela região: “Faz agora quatorze anos que, em resposta ao telegrama, ‘Venha com urgência’, os missionários, viajando 250 milhas de sua estação principal, entraram com o Evangelho na pequena cidade de Catolé do Rocha... Aprouve ao Senhor abençoar a semeadura da boa semente e dar o crescimento neste remoto território, a ponto de, em 1932, terem sido erguidas três igrejas em diferentes pontos da municipalidade, e tudo isso apesar da contínua perseguição. Foi somente no início deste ano que um pastor nativo se disponibilizou para supervisionar essas igrejas, um homem chamado Lidonio Almeida, que se converteu em Catolé durante o período da mais severa perseguição. A obra estava prosperando sob o cuidado desse jovem pastor, novos pontos de pregação estavam sendo alcançados e almas salvas. Desejando ver mais progresso, ele convidou outro pastor nativo para vir realizar uma série de reuniões na igreja da cidade. As reuniões foram bem frequentadas tanto por crentes quanto por incrédulos. Na Sexta-Feira à noite, o pregador baseou sua mensagem no segundo mandamento e falou ousadamente enquanto desenvolvia seu tema sobre a fabricação e adoração de imagens. Enquanto prosseguia com a sua mensagem, houve gritos de protesto da multidão que se reunira do lado de fora, mas o pregador continuou com sua apresentação fiel da verdade. A situação ficou muito tensa e as pessoas sentadas na igreja ficaram inquietas... No Sábado à noite foi realizado um ensaio de coral na igreja. Não demorou muito para que uma multidão de vândalos barulhentos invadissem o prédio. As luzes da cidade se apagaram e a banda da cidade começou a tocar. Os crentes saíram da igreja da melhor forma que puderam, sendo empurrados aqui e ali pelos agressores, e uma jovem senhora foi jogada no chão O pregador, que os perseguidores tinham toda a intenção de matar, não foi reconhecido e escapou ileso porque ele estava vestido com um terno claro de algodão em vez da caxemira escura que usara nas noites anteriores. O terror reinou por meia hora na total escuridão, pois enquanto a banda continuava a tocar canções populares, os arruaceiros, armados com todo tipo de implementos improvisados, quebraram portas, janelas, bancos, púlpito, mesa e órgão. Embora o quartel da polícia seja localizado do outro lado da rua da igreja, nenhum soldado se mexeu. Na pequena vila cristã de Brejo dos Cavalos tudo estava quieto e os crentes dormiam pacificamente quando, de repente, pouco antes da meia-noite, foram acordados pelo latido frenético dos cães e os gritos selvagens dos agressores, que, com vontade, começaram com o trabalho de destruição. Os crentes fugiram de suas casas para o mato, onde o gado, jumentos, ovelhas e cabras, berrando, relinchando, balindo, corriam freneticamente em todas as direções enquanto a tumultuosa destruição das construções tão preciosas para os cristãos prosseguia. Todos os móveis da igreja foram levados e esmagados nas menores partículas possíveis. Aquela noite foi uma noite de angústia para todos os crentes de todo o distrito, e dias de terror se seguiriam. Naquela mesma noite, homens que haviam permanecido na cidade conseguiram uma escada com a intenção de invadir a casa onde estavam os dois pastores, com o objetivo de arrastá-los e matá-los em praça pública. Por alguma razão ou outra a intenção deles não foi realizada. Deus protegeu os Seus... Há um brilho radiante nesta noite escura de perseguição: cinco ou seis pessoas se converteram ao nosso Senhor Jesus Cristo...” (Moody Monthly, Dezembro de 1938, p. 192, 194-195)

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